Agência Brasil

Eleitores votam em uma seção eleitoral.
Cédula e selo numa seção eleitoral.

8 de novembro de 2015

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Milhares de birmaneses foram hoje (8) às urnas na primeira eleição livre dos últimos 25 anos. Myanmar foi governado por militares de 1962 a 2011. Serão eleitos membros para os parlamentos nacional e regional. De acordo com observadores internacionais, as eleições legislativas transcorreram de forma tranquila, pelo menos na capital, porém foram registradas "falhas". Os primeiros resultados devem ser conhecidos somente nas próximas semanas.

A líder da Liga Nacional pela Democracia e prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, de 70 anos de idade, é apontada como uma das favoritas a ser eleita. A líder da oposição viveu mais de quinze anos em regime de prisão domiciliar por exigir, de forma pacífica, a instauração da democracia contra o regime imposto pelos militares. Aung San Suu Kyi acredita que a Liga Nacional pela Democracia vai conseguir a vitória.

Logo após o fechamento das urnas, milhares de birmaneses dirigiram-se à sede da Liga Nacional pela Democracia para demonstrar apoio à candidata.

Observadores internacionais

A votação contou com a presença de observadores internacionais que registraram “falhas”, mas em clima “aceitável”.

“No geral, está sendo um processo ordeiro, mas que não está isento de falhas. Temos de esperar pelas informações sobre o resto do país para saber se este comportamento é representativo”, disse o chefe da missão de observadores da União Europeia, Alexander Lambsdorff, à rede de televisão Channel News.

Lambsdorff disse ainda que “não há nenhum país com eleições perfeitas”.

Várias denúncias sobre infrações foram apresentadas à Comissão Eleitoral durante a campanha e outras foram formalizadas em diversos centros eleitorais. Foram registrados atos de intimidação e erros nas listas de eleitores. O ministro dos Transportes, Than Tun, por exemplo, foi inicialmente impedido de votar, porque no mesmo colégio eleitoral, em Maubin, um eleitor exerceu o direito de voto utilizando o nome do membro do governo.

Várias organizações não governamentais, como a Human Rights Watch, denunciaram também a exclusão de mais de meio milhão de muçulmanos de etnia rohinya.

As eleições não ocorreram em dezenas de localidades onde há conflitos étnicos, envolvendo os kachin, shan e os palaung.

Respeito às urnas

Seja qual for o resultado, o presidente de Myanmar, Thein Sein prometeu respeitar a vontade dos eleitores expressa nas urnas.

“Aceitaremos o desejo dos eleitores, seja qual for. O mais importante para este país é a estabilidade e o desenvolvimento” disse o chefe de Estado, no momento em que votava acompanhado pela mulher no centro eleitoral de Naipyido.

Thein Sein foi primeiro-ministro da última Junta Militar e desde 2001 encabeça um governo civil que defende a implementação de reformas no sentido de uma “democracia disciplinada”.

O eleitos para o Parlamento nacional e regional tomarão posse em 2016. Depois, a Assembleia Legislativa deve eleger o chefe de Estado para um mandato de cinco anos.

Fontes