Brasil • 2 de agosto de 2005
O Presidente do Partido Liberal (PL), Deputado Valdemar Costa Neto anunciou sua renúncia ao mandato parlamentar, durante discurso realizado no Plenário da Câmara dos Deputados na segunda-feira (1). Ele admitiu que cometeu um erro ao aceitar dinheiro do Partido dos Trabalhadores (PT) para ser usado no financiamento da campanha política da coligação PT/PL, sem antes exigir a documentação legal para comprovar a origem dos recursos. Costa Neto foi acusado por Roberto Jefferson de distribuir o "mensalão" para alguns dos integrantes do PL.
O deputado isentou os outros integrantes do PL e seus subordinados, e assumiu toda a responsabilidade pelo ato de "ter aceitado a pressão dos credores para pagar as dívidas com dinheiro não-oficializado", segundo sua versão. Costa Neto disse que foi induzido ao erro pelo PT e que se despede do Plenário "com a humildade dos que erraram".
Costa Neto disse que lamenta, segundo ele, o "desvio dos objetivos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios" na apuração do suposto envolvimento do deputado Roberto Jefferson (PTB-SP) em irregularidades praticadas na empresa estatal. Costa Neto é autor de ação contra Roberto Jefferson no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados. Ele disse que encaminhará ao órgão novas acusações contra o Jefferson.
Valdemar Costa Neto foi acusado pelo deputado Roberto Jefferson de receber e distribuir o chamado mensalão entre os integrantes do Partido Liberal (PL). A ex-mulher de Costa Neto disse dia 20 de junho para o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que Valdemar participava do mensalão. Apesar de ter admitido o recebimento de dinheiro irregular do Partido dos Trabalhadores (PT), Valdemar Costa Neto nega a participação e a existência do mensalão.
Documentos da CPI dos Correios indicam que parlamentares e assessores de parlamentares efetuaram saques no Banco Rural, da conta de empresas do publicitário Marcos Valério. Valério é acusado por Jefferson de ser o principal fornecedor de recursos financeiros para o pagamento do mensalão. O ex-chefe de gabinete do deputado federal José Janene (PP-PR), João Cláudio Genu, prestou depoimento na sexta-feira (29) passada para a Polícia Federal Brasileira e afirmou que recebia dinheiro de saques das contas das empresas de Valério, e que o dinheiro era entregue ao partido.
Valdemar Costa Neto iria muito provavelmente ser investigado pela Câmara dos Deputados e sujeitava-se a ser cassado e punido, caso fosse considerado culpado. Com a renúncia, Costa Neto perde seu mandato mas poderá disputar as próximas eleições para deputado, o que não seria possível se fosse cassado.
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Fontes
- Costa Neto renuncia a mandato e relator nega acordo — Agência Câmara (Brasil), 1 de agosto de 2005
- Costa Neto renuncia e diz que foi induzido a erro pelo PT — Agência Câmara (Brasil), 1 de agosto de 2005