Agência Brasil

6 de novembro de 2009

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O presidente golpista de Honduras, Roberto Micheletti, pediu ontem (5) à noite que todos os 27 ministros que compõem o seu governo coloquem o cargo à disposição para que seja formado o governo de transição, como previsto no acordo assinado na semana passada entre ele e o presidente deposto Manuel Zelaya.

O ex-ministro Rafael Piñeda Ponce disse que Micheletti, por enquanto, se mantém na Presidência do país até que Manuel Zelaya desista do cargo. Se isso ocorrer, segundo Ponce, Micheletti garante que também renuncia à Presidência.

Para o governo de fato, o acordo está mantido. “O acordo se mantém da nossa parte. Nós decidimos respeitá-lo porque esse é o nosso compromisso”, afirmou o ex-ministro.

Para Manuel Zelaya, o acordo não foi cumprido porque o Congresso não votou a sua recondução à Presidência. Zelaya passou a noite reunido com assessores na Embaixada do Brasil e até a meia-noite, prazo para compor o governo de transição, não havia indicado os nomes para integrar esse governo. Os aliados dele alegam que, para formá-lo, é preciso que Micheletti renuncie à Presidência. “A primeira coisa que deve ser feita para reverter o golpe de Estado é que o Micheletti aceite deixar o cargo”, disse Jorge Reina, representante de Zelaya.

Na frente do Congresso, foi mais um dia de vigília a favor da recondução do presidente deposto, Manuel Zelaya, ao poder. Pelo acordo assinado na semana passada entre representantes de Zelaya e do presidente golpista Roberto Micheletti, um governo de transição seria criado hoje, com integrantes nomeados pelos dois grupos. Mas, até o momento, não há anúncio de que esse governo vá ser mesmo instalado.

Em entrevista por telefone ao canal de televisão venezuelano Telesur, Zelaya disse que “o esforço termina hoje [ontem] à meia-noite”. “O governo de fato não cumpriu até o momento o que se comprometeu a fazer, reunir o Congresso Nacional para tratar sobre a minha recondução e ao mesmo tempo poder formar o governo de unidade. Podemos interpretar claramente que não há vontade de cumprir o acordo”, afirmou Zelaya.

O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ian Kelly, disse que a formação do governo de transição independe da volta de Zelaya ao cargo agora. Ele foi pressionado pelos jornalistas que acompanharam o seu pronunciamento em Washington e disse que a Suprema Corte e o Congresso hondurenhos têm que decidir sobre a questão, mas expressou que Zelaya deve voltar à presidência. “Achamos que ele deve voltar ao poder. Mas esse é um processo hondurenho agora”, afirmou Kelly.

Os integrantes da comissão criada para acompanhar a execução do acordo - Ricardo Lagos, ex-presidente do Chile, e a secretária de Trabalho dos EUA, Hilda Solís - conversaram com Roberto Micheletti anteontem (4) e disseram que ele admitiu deixar a presidência ontem para a formação do governo de transição. Mas até o momento, não houve manifestação oficial do governo de fato. Ricardo Lagos e Hilda Solís já não estão mais em Honduras. Em seus lugares, ficaram dois representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA): o argentino José Octavio Bordón e o chileno Enrique Correa.

A rádio HRN, que divulga notícias a favor do golpe de estado, foi alvo, anteontem à noite, de um atentado. Segundo a polícia, uma granada foi encontrada perto do estúdio e destruiu parte do telhado. Um técnico de som teve ferimentos leves. De acordo com o funcionário Naum Valladares, a segurança vai ser reforçada a partir desta noite. “A granada explodiu por volta das 22h (horário local). Claro que os funcionários ficaram temerosos, mas estamos providenciando mais policiamento em volta do prédio”, disse Valladares.


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