14 de abril de 2021

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A delegada Bárbara Lomba Bueno, que iniciou as investigações do assassinato do pastor Anderson do Carmo, então marido da deputada Flordelis (PSD-RJ), declarou nesta terça-feira (13) que a parlamentar exercia influência sobre os envolvidos no crime, ocorrido em 2019.

"Todos tinham vínculo emocional forte com a deputada. As pessoas em cujos telefones foram encontradas provas eram influenciadas por Flordelis", disse. "Isso foi comprovado. Estavam sob influência direta dela", relatou a delegada. "Conseguimos saber com clareza que nada aconteceria dentro daquela casa sem o aval final da deputada."

O depoimento de Bárbara Bueno foi dado em reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados sobre o pedido de cassação do mandato de Flordelis. Os integrantes do colegiado também ouviram o médico-legista Luiz Carlos Leal Prestes, que trabalhou como perito no caso e apontou para evidências de uma tentativa anterior de envenenamento da vítima.

Em sua defesa, Flordelis tem afirmado que existe erro na conclusão das investigações e alega que não pode ser julgada e condenada antes que todo o processo seja concluído. Segundo ela, a mandante do assassinato foi sua filha Simone.

Mandato

No depoimento, a delegada afirmou que a eleição de Flordelis foi o estopim para o assassinato de Anderson do Carmo. "O marco que decidiu que a vítima teria de morrer foi a assunção do mandato pela deputada federal", declarou Bárbara. "Anderson havia manifestado descontentamento com o chefe de gabinete da deputada, que tomava decisões à revelia dele."

Com base em provas encontradas nos celulares da família da deputada e no depoimento de Wagner Andrade Pimenta, filho de Flordelis conhecido como Misael, a delegada disse que havia "um cansaço" sobre a presença de Anderson do Carmo na vida cotidiana e profissional, além de relatos de insatisfação muito grande da parlamentar.

"A deputada não estava contente com o controle absoluto de tudo pela vítima. Havia uma insatisfação em relação ao comportamento do marido. Ela manifestava isso em sentido de reclamação", comentou Bárbara.

Pelas investigações, a delegada relatou que ninguém disse que a deputada deu uma ordem direta para o assassinato e não houve relatos de brigas entre Flordelis e Anderson do Carmo. "Tanto a vítima como a deputada se tratavam reciprocamente muito bem. Não havia ruídos diretos, explícitos. Nos dados da vítima, vimos que havia sempre publicamente uma preocupação em preservar a imagem da deputada."

A delegada também afirmou que Flordelis se envolveu em tentativas de direcionar e desviar o foco das investigações. Ela cita que o filho da deputada, Lucas de Souza, um dos envolvidos na execução do crime, foi assediado para trocar depoimento e dar outras versões, escrevendo uma carta. "Havia conversas diretas da deputada sobre a confecção dessa carta."

Fontes