28 de novembro de 2020

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Um impasse ronda os Estados Unidos - que certamente gerará controvérsias e críticas - após Donald Trump anunciar - além do "as vacinas são minhas" - que um imunizante anti-Covid-19 estará disponível na próxima semana ou no máximo na outra.

É que na contramão do que foi dito pelo presidente que se despede da Casa Branca em janeiro, o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) enfatizou num comunicado no dia 20 de novembro - portanto seis dias antes da fala de Trump - que "nos Estados Unidos ainda não existe uma vacina autorizada ou aprovada para prevenir a Covid-19". Sobre a "possibilidade de uma ou mais vacinas estarem disponíveis antes do final do ano", o órgão explicou oito pontos, entre eles que "pelo menos no início, as vacinas podem ser usadas sob uma Autorização de Uso de Emergência (EUA) da Food and Drug Administration (FDA)".

Uma rápida consulta para entender o que significa exatamente a EUA deixa claro que é um mecanismo através da qual a "FDA pode permitir o uso de produtos médicos não aprovados ou usos não aprovados de produtos médicos".

Foi o que se deu com a cloroquina meses atrás. Ela havia sido liberada para uso não aprovado (seu uso era aprovado para malária e lúpus) nos EU sob uma EUA, mas a FDA revogou a autorização meses depois ao constatar que ela não tinha qualquer efeito benéfico no tratamento da Covid.

A FDA também enfatiza que mesmo liberada através de uma EUA, a avaliação da vacina será "rigorosa".

Nos EU, as vacinas mais adiantadas são as da Pfizer e da Moderna, tendo a Pfizer anunciado dias atrás que pedirá uma EUA.

O que pode dar errado?

No caso da vacina da Pfizer, o ponto 1 é que menos de 200 pessoas que participaram da Fase 3 - quando milhares de pessoas precisam ser vacinadas - foram analisadas pela Pfizer para seu relatório sobre a eficácia do imunizante. Além, disto, a BBC analisou que "é preciso ponderar que os resultados anunciados ainda precisam ser publicados em algum periódico científico para serem avaliados por especialistas independentes". Os dados da Pfizer, portanto, ainda não passaram pela "revisão por pares", indicação de que, além da falta de dados mais amplos, faltam análises científicas isentas sobre seu produto.

Segundo O Estadão em seu Summit Saúde, "entre as dúvidas ainda não respondidas, não se sabe, por exemplo, se ela é eficaz somente no impedimento de desenvolvimento de sintomas ou se de fato elimina contaminações. Nesse sentido, outra incógnita é o tempo de duração da imunidade".

No caso da Moderna, segundo a BBC, a empresa sequer chegou a vacinar - e analisar - 150 voluntários, o número mínimo, o que significa que ela ainda precisa esperar "para ter dados mais robustos" sobre sua vacina.

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Fontes