27 de novembro de 2020

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"Plano de ação para vacinação está praticamente pronto (...), mas eu não vou tomar a vacina", disse o presidente do Brasil Jair Bolsonaro ontem, ao falar sobre a possibilidade de uma vacina anti-Covid-19 ser certificada pela Anvisa nas próximas semanas ou meses. Ele também explicou que tinha tentado vetar um dispositivo que obriga a Anvisa a autorizar e distribuir uma vacina em 72 horas caso ela tenha sido certificada no exterior.

"Eu vetei este dispositivo, mas o Congresso derrubou o veto", disse, completando: "temos aí alguns impasses sobre vacina. Não adianta aí um governadorzinho [referência a João Doria] criticar a Anvisa, pois ela é independente. (...) Agora, obrigar a Anvisa a certificar em 72 horas, não compete a mim interferir nisto. Eu homologo depois que a Anvisa certificar, para deixar à disposição da população. (...) Há muito interesse de um governador em salvar vidas. Se ele morrer hoje, vai para o céu. Santo da 'calça apertada'."

"A questão é séria e é preciso responsabilidade. A derrubada do meu veto não foi bem-vinda", completou. Ele também criticou qualquer obrigatoriedade de tomar a vacina, mesmo que seja para viagens de avião. "Quem defende isto é um ditador", completou.

Já do outro lado das Américas, nos Estados Unidos (EU), Donald Trump disse, também ontem, que Biden não deveria levar as honras pela vacina anti-Covid. "Joe Biden falhou com a gripe suína, H1N1 [Biden era vice de Barack Obama à época]. Não deixem ele levar os créditos pelas vacinas porque as vacinas são minhas, eu pressionei as pessoas como elas nunca foram pressionadas antes e nós conseguimos as aprovações".

No entanto, a FDA ainda não aprovou nenhuma vacina nos EU, apesar de existir a expectativa do órgão liberar o imunizante da Pfizer o mais breve possível.

Segundo Trump, a vacinação começa semana que vem ou na outra.

A fala de Trump sobre "as vacinas são minhas" foi criticada por internautas nas redes sociais, que disseram que os cientistas e os laboratórios eram os responsáveis pela vacina e não o ainda presidente dos EU.

Trump e Bolsonaro: aliados e alinhados

Politicamente, Bolsonaro sempre se declarou aliado de Trump e semanas atrás, ao saber da vitória de Biden, fez uma de suas declarações mais polêmicas, que inclusive gerou memes nas redes sociais. Falando sobre um ‘grande candidato a chefia de Estado’ [Joe Biden] que havia prometido impor sanções ao Brasil devido ao desmatamento da Amazônia, Bolsonaro disse: "quando acaba a saliva, tem que ter pólvora".

Bolsonaro é um dos poucos chefes de estado que ainda não felicitou Biden por sua vitória, tendo deixado claro após o pleito que esperaria os processos judiciais iniciados por Trump, pedindo a investigação de fraudes [sem comprovação até agora], serem finalizados.

Os dois também eram alinhados nas ideias sobre a pandemia de Covid, minimizando a situação. Ambos também defenderam - Bolsonaro ainda defende - a cloroquina para tratamento da síndrome, medicamento que se comprovou ineficaz em diversos estudos feitos e foi desaconselhado pela FDA.

Segundo o The New York Times, um dos jornais mais importantes do mundo, os dois tiveram um "desprezo compartilhado pelo vírus" e são os responsáveis por "uma campanha ideológica que minou a capacidade da América Latina de responder à Covid-19".

As Américas são, há meses, o epicentro da pandemia no mundo, sendo que os Estados Unidos estão em 1º lugar nos rankings gerais de contaminados e mortos. O Brasil está, respectivamente, em 3º e 2º lugar nestes rankings.

Referência

MOLINA. Matias M. Os maiores jornais do mundo. Sesc, 26 de junho de 2007.

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Fontes