8 de dezembro de 2020

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Em entrevista ontem à noite para a CNN Brasil, Elcio Franco, Secretário Executivo do Ministério da Saúde, disse que o governo federal está em conversas com a Pfizer-BioNTech para a compra de seu imunizante para Covid-19. “Vamos formalizar a intenção da compra de 70 milhões de doses da vacina. Vamos assinar o memorando de intenções esta semana”, falou.

Segundo analistas, esta intenção mostra uma mudança na postura do governo, que antes se focava apenas na "vacina de Oxford", cujos relatórios estão atrasados após a farmacêutica admitir que havia tido um problema nos testes, quando meia dose do produto havia sido aplicada nos voluntários no lugar de uma dose inteira. Com o ocorrido, divulgado há cerca de três semanas, a empresa se comprometeu a fazer mais estudos, o que atrasou o relatório final.

O imunizante da Pfizer começou a ser aplicado de forma emergencial, mas ainda sem ter uma aprovação final, hoje no Reino Unido, que está vacinando, primeiramente, o grupo de idosos que mora em instituições de longa permanência, os funcionários destes locais e trabalhadores da linha de frente no combate à pandemia, como médicos e enfermeiros.

No Brasil, a Anvisa ainda não liberou nenhuma vacina.

Os problemas práticos da vacina

  • Preço: a chamada "vacina da Pfizer", que usa tecnologia mRNA, é uma das mais caras, junto com a da Moderna, e poderá custar cerca de 35 dólares a unidade (~175 reais na cotação de hoje). A de Oxford, que no Brasil está sendo desenvolvida junto com a Fiocruz, custará bem menos: cerca 3,5 dólares (~18 reais). A CoronaVac, comprada pelo governo de São Paulo, custará cerca 10 dólares (~50 reais na cotação de hoje).
  • Conservação: a vacina da Pfizer necessita de refrigeradores especiais, que mantenham o imunizante numa temperatura de cerca de -75ºC negativos. A rede de saúde no Brasil usa geladeiras comuns, para manter imunizantes que necessitem até -10ªC;
  • Transferência de tecnologia: ao contrário da Oxford-AstraZeneca e da CoronaVac, a Pfizer não assinará contrato para a transferência de tecnologia ao Brasil, o que impedirá a produção do imunizante em território nacional.

A "guerra da vacina" no Brasil

Segundo os analistas, o anúncio da "intenção de compra" foi motivada por Bolsonaro precisar dar uma resposta à sociedade, após o governador João Doria anunciar ontem que a vacinação em São Paulo começaria em janeiro.

As duas autoridades travam, há meses, uma disputa sobre a aprovação da vacina CoronaVac, fabricada numa parceria do Instituto Butantan com a empresa chinesa Sinovac. Há cerca de dois meses, Bolsonaro disse que o "Brasil não compraria a vacina da China".

No entanto, as falas e posturas polêmicas do presidente têm sido duramente criticadas, tanto no setor político como privado, que consideram que o país precisa comprar a vacina que estiver disponível - ou até mais que uma - para poder voltar à normalidade. Especialistas opinam que a vacina da Pfizer sairá até barato se comparada aos prejuízos na atividade econômica do país causada pela Covid-19.

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