5 de dezembro de 2024
O ouro, um cobiçado metal precioso visto em todo o mundo como um símbolo de riqueza e poder, está a ter o significado oposto no Peru, onde a mineração ilegal deste metal altamente valorizado está a devastar a floresta tropical, poluindo os seus rios com mercúrio e destruindo os meios de subsistência das comunidades locais.
Esse efeito nocivo, demonstrado pelas investigações realizadas pela Procuradoria Especializada em Meio Ambiente (FEMA) da cidade de Iquitos, localizada no nordeste do Peru, contrasta amplamente com o que até o ouro representa para muitas culturas, onde está associado ao imortal e ao divino.
“Desde 2020, este (fato) ilícito tem sido investigado na bacia superior do Nanay e no (rio) Napo”, disse recentemente o promotor de Iquitos, Carlos Castro Quintanilla, aludindo às investigações que revelaram que a mineração ilegal do ouro nestes rios, afluentes do Amazonas, está nas mãos de criminosos transfronteiriços.
O promotor explicou ainda que esses criminosos identificados fazem parte de uma facção dissidente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) desarmadas, conhecida como “Sinaloa” ou “Comandos de Fronteira”.
Castro garantiu que já têm “uma condenação” no rio Napo e em outros três casos que também foram identificados pelos seus pseudónimos enquanto prossegue a investigação que envolve cerca de 20 pessoas. “Temos pessoas que foram denunciadas por facilitar, manipular, transferir, transportar suprimentos como combustível, dispositivos destinados à mineração ilegal”.
De acordo com depoimentos de testemunhas protegidas pelo Ministério Público e de garimpeiros ilegais que concordaram em fornecer informações para este relatório, o líder desta organização criminosa é conhecido pelo pseudônimo "Papilón", cuja identidade soubemos através das mesmas fontes, mas que iremos não divulgar devido à confidencialidade da investigação.
Vídeos de algumas operações entregues à imprensa mostram como estão sendo transportadas máquinas pesadas, necessárias às operações realizadas pelos garimpeiros ilegais.
A corrupção e a falta de controle estatal são fatores-chave que permitem a proliferação da mineração ilegal na região de Loreto, segundo testemunhas. A isto se soma o isolamento do local, que carece de vias terrestres que o liguem ao resto do país.
As pessoas no terreno estimam que por vezes e apesar dos esforços do governo peruano para combater esta actividade ilegal, a falta de coordenação entre as instituições e a falta de recursos atrasam uma acção mais eficaz contra um crime que está a afectar o ambiente e a vida da comunidade. os moradores.
Fontes
editar- ((es)) Iván Brehaut. ¿Tesoro envenenado? Los efectos de la extracción ilegal de oro en la Amazonía peruana — VOA, 5 de dezembro de 2024
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