21 de maio de 2021

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Ações coordenadas de prevenção de queimadas, combate ao desmatamento e manejo sustentável estão entre as sugestões apresentadas por cientistas e ambientalistas para frear a devastação do Cerrado. O tema foi debatido em audiência virtual da Comissão Externa da Câmara dos Deputados sobre Queimadas nos Biomas, nesta quinta-feira (20).

O segundo maior bioma do País ocupa quase 24% do território nacional (2 milhões de km²) e é considerado a savana mais biodiversa do planeta em fauna e flora. Também abriga as nascentes que alimentam as principais bacias hidrográficas do País. No entanto, apenas 8,2% de sua área é protegida por unidades de conservação, segundo dados do ICMBio.

De 2000 a 2019, foi o bioma mais afetado por queimadas, com focos de fogo em 41% de sua área, de acordo com o Mapbiomas. Em março deste ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) emitiu alertas de desmatamento para uma área de 529,3 km² de Cerrado, 146% a mais do que no mesmo período de 2020.

Bióloga e doutora em geobotânica, a professora da Universidade de Brasília (UnB) Mercedes Bustamante apresentou o diagnóstico das queimadas no bioma. “O Cerrado é um bioma que evoluiu com o fogo. No entanto, a presença humana tem modificado três aspectos que são centrais para o fogo: o clima; a quantidade de material combustível, quando se maneja e transforma a vegetação; e as fontes de ignição, que agora já não são apenas as fontes naturais, são as fontes humanas também", explicou.

Ela acredita que já existem condições para implantação de um sistema de alerta e controle de queimadas no Cerrado. "O que a gente precisa é de vontade política para minimamente estruturar esse sistema”, completou. Os estudos de Bustamante e de outros pesquisadores mostram correlação entre desmatamento e queimadas no Cerrado. Também geram mapas de probabilidade de fogo para melhor orientar as ações preventivas. Queimadas sucessivas têm dificultado e até impedido a regeneração da vegetação, apesar da resiliência do bioma. Bustamante defende manejos diferenciados para as áreas de campos, savanas e florestas do Cerrado.

Doutora em ecologia, a professora da Universidade Estadual Paulista (UNESP) Alessandra Fidelis defendeu o manejo integrado do fogo. Esse também é o tema do Projeto de Lei 11276/18, considerado prioritário pela comissão externa da Câmara

Fontes