11 de abril de 2023

Aedes-albopictus
Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

A mudança climática, o desmatamento e a urbanização são alguns dos principais fatores de risco por trás do aumento do número de surtos de vírus como dengue, zika e chikungunya em todo o mundo, alerta um estudo da Organização Mundial da Saúde.

O estudo diz que a incidência de infecções causadas por essas doenças transmitidas por mosquitos, que prosperam em climas tropicais e subtropicais, cresceu dramaticamente nas últimas décadas. O relatório diz que os casos de dengue aumentaram de pouco mais de meio milhão globalmente em 2000 para 5,2 milhões em 2019.

E a tendência continua. Os dados mais recentes mostram que cerca de metade da população mundial corre o risco de contrair dengue, a infecção viral mais comum que se espalha dos mosquitos para as pessoas, com uma estimativa de 100 a 400 milhões de infecções ocorrendo todos os anos.

“No momento, cerca de 129 países estão sob risco de dengue, e ela é endêmica em mais de 100 países”, disse Raman Velayudhan, chefe de unidade do programa global da OMS para controle de doenças tropicais negligenciadas, coordenando a iniciativa de dengue e arbovírus. Ele disse que a dengue só na América do Sul está se movendo mais para o sul, para países como Bolívia, Peru e Paraguai.

A mudança climática dá origem ao aumento da precipitação, temperaturas mais altas e umidade mais alta, condições nas quais os mosquitos prosperam e se multiplicam. Há uma nova pesquisa, que mostra que mesmo o tempo seco permite que os mosquitos se reproduzam. Os cientistas dizem que o tempo seco deixa os mosquitos com sede e, quando ficam desidratados, querem se alimentar de sangue com mais frequência.

“Isso é realmente preocupante porque mostra que a mudança climática desempenhou um papel fundamental para facilitar a propagação dos mosquitos vetores no sul. E então, quando as pessoas viajam, naturalmente o vírus as acompanha”, disse ele. “E essa tendência provavelmente continuará no resto do mundo.

“Já recebemos relatos do Sudão, que registrou um aumento bastante elevado de casos de dengue, mais de 8.000 casos e 45 mortes desde julho.”

“O chikungunya é uma grande ameaça à saúde pública global, e o vírus é transmitido principalmente entre humanos por mosquitos da espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus, os mesmos vetores da dengue e da zika. “Durante os últimos 20 anos, a chikungunya teve mais de 10 milhões de casos relatados em mais de 125 países e territórios”, afirma ao Jornal da USP o virologista William Marciel de Souza, da University of Texas Medical Branch (Estados Unidos).

De acordo com Souza o Brasil é o país com maior ocorrência de casos da doença nas Américas. “Neste estudo epidemiológico, usamos dados de sequenciamento genômico, informações do vetor do vírus, o Aedes aegypti, e dados clínicos agregados de casos de chikungunya no Brasil, o que representa mais de 250 mil casos confirmados por exames laboratoriais”, relata.

Fontes