Agência Brasil

20 de abril de 2008

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Bolhas nos pés, dores musculares e o cansaço físico foram os principais problemas enfrentados pelos 230 militares da Marinha que vieram a pé do Rio de janeiro a Brasília em homenagem ao aniversário da capital federal e também como parte das comemorações do bicentenário do Corpo de Fuzileiros Navais. Foram 20 dias de caminhada, no percurso de 1,2 mil quilômetros, com 55 quilômetros por dia.

Única mulher na marcha, a suboficial Sônia Brilhante Wanderley, conta que os primeiros dias foram os mais difíceis. “A adaptação nos primeiros dias é muito difícil. Tem as bolhas, as dores musculares. Como não estávamos acostumados, à noite não dormia e no final da marcha estamos muito sofridos”, revela.

Apesar de afirmar que não houve tratamento diferenciado por ser mulher, a suboficial admite que os demais militares eram mais contidos nas brincadeiras. “Quando só tem homens, às vezes escorrega um nome meio difícil para mulher. Mas eu já vivo no meio deles e muitas coisas a gente releva ou finge que não escuta para não criar um clima ruim ou atrapalhar a brincadeira”.

O comandante-geral da marcha, vice-almirante Paulo César Stirgelim, se emocionou ao comunicar ao comandante da Marinha que a marcha estava encerrada e sem nenhuma baixa entre os militares. Para Stirgem, as adversidades foram superadas pela determinação dos fuzileiros navais e o cuidado na preparação do percurso. “As nossas dificuldades foram vencidas como fruto de um bom planejamento e de uma execução que considero primorosa.”

Para o suboficial Sebastião da Guia, a marcha do Rio de janeiro a Brasília foi ainda mais desgastante. Ao contrário dos demais fuzileiros, ele percorreu os 1,2 mil quilômetros correndo. “Desde o momento em que soube que viria na marcha, solicitei vir correndo. O mais difícil foi o trânsito e as dores. É uma soma de lesões que vamos sentindo ao longo do percurso, que foram administradas no decorrer dos 20 dias”, afirmou.

Há 48 anos, com então 23 anos de idade, o comandante José Miliauskas finalizava o trajeto Rio de janeiro – Brasília. Ele e os outros fuzileiros navais foram recebidos pelo presidente Juscelino Kubitschek na festa de inauguração da cidade.

“A Marinha localizada no Rio de janeiro não poderia trazer seus navios. A Esquadrilha da Fumaça trouxe seus aviões, o Exército trouxe sua tropa motorizada e nós, que tínhamos feito o curso de paraquedismo, fomos convidados para representar a Marinha. E viemos a pé para o desfile de inauguração da capital entregar a mensagem do ministro da Marinha ao presidente JK.”

Para o militar da reserva, o momento mais emocionante ocorreu quando a tropa parou em frente ao palanque onde estava Juscelino Kubitschek.

“Me recordo que o momento mais emocionante foi quando, ao iniciarmos nosso desfile ao som de Cisne Branco, paramos em frente ao palanque presidencial e a banda parou de tocar. O nosso comandante se encaminhou em direção ao presidente e, naquele silêncio, alguém começou a cantar Soldados da Liberdade e todos cantaram juntos. No dia seguinte, a imprensa noticiou que escorreram lágrimas do rosto presidente. Foi bom demais”, relembrou.

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