31 de março de 2022

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O governo de Daniel Ortega está em crise internamente depois que recentemente dois altos funcionários no exterior denunciaram o presidente por violações de direitos humanos.

A renúncia mais recente foi anunciada pelo advogado norte-americano Paul Reichler, que atuava como consultor jurídico internacional para a Nicarágua na Corte Internacional de Justiça em Haia.

Em carta pública divulgada pelo jornal digital Confidencial no último fim de semana, o advogado que defendeu Ortega internacionalmente durante anos o criticou por “reprimir impiedosamente” as manifestações contra ele em 2018, deixando alguns mortos, mas também criticou os julgamentos dos mais de 50 “cidadãos destacados que estão confinados em condições intoleráveis.”

“É inconcebível para mim que o Daniel Ortega, a quem servi com orgulho, tenha destruído a democracia em cuja construção ele participou decisivamente e estabelecido uma nova ditadura, não muito diferente daquela que ele mesmo ajudou a derrubar, com eleições falsas, um legislatura submissa, um sistema judiciário corrupto e incapaz de fazer justiça”, diz a carta do funcionário.

Da mesma forma, recrimina duramente Ortega pelo “exílio forçado” em que se encontram várias figuras de destaque, como os escritores Sergio Ramírez e Gioconda Belli, além dos dissidentes Carlos Fernando Chamorro, Edmundo Jarquín, Julio López Campos "e muitos outros heróis sandinistas e não sandinistas de todas as convicções políticas cuja liberdade foi negada ou ameaçada".

A denúncia de Reichler coincide com a de Arturo McFields Yescas, que foi representante da Nicarágua na Organização dos Estados Americanos (OEA) e recentemente expôs a situação em Manágua.

“Somos forçados a fingir, somos forçados a preencher vagas, somos forçados a repetir slogans, mas eu disse 'basta' e muitos funcionários vão dizer 'basta', e espero que digam em voz alta”, disse McFields em uma declaração.

O ex-diplomata também revelou que muitos outros funcionários da Nicarágua estão renunciando secreta e anonimamente por medo de represálias.

Mas, embora o fenômeno pareça novo, não é. Em 2018, quando começaram as manifestações contra o presidente Ortega, vários renunciaram, inclusive o magistrado do Supremo Tribunal de Justiça, Rafael Solís , por isso o partido no poder impôs obstáculos aos próprios funcionários para deixar o país.

Fontes