13 de dezembro de 2020

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As Nações Unidas podem ter uma intervenção na província moçambicana de Cabo Delgado, sugeriu nesta sexta-feira, 11, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, como forma de fazer frente à acção dos insurgentes que há três anos assolam a região.

"Há um terceiro plano em que as coisas estão naturalmente ainda mais recuadas, porque isso não depende, nem exclusivamente, nem principalmente de nós, que é a intervenção ao nível das Nações Unidas", afirmou Santos Silva ao programa Geometria Variável da rádio portuguesa Antena 1.

No entanto, ele reconhece que o caminho é um pouco mais longo “porque o Conselho de Segurança tem de se pronunciar", depois de uma recomendação de uma comissão que terá de fazer um trabalho prémio.

Entretanto, o chefe da diplomacia portuguesa lembra que há outros dois caminhos, a cooperação bilateral, nesse caso com Portugal, e o apoio da União Europeia, mas adverte a situação no terreno é muito complexa.

“É preciso ter em atenção que não estamos a falar só do norte de Moçambique: uma das razões que do meu ponto de vista justifica uma intervenção das Nações Unidas é que não podemos deixar a África Oriental tornar-se um campo de acção do terrorismo internacional", defendeu Santos Silva.

O problema de Cabo Delgado, no entanto, ainda segundo o governante português, revela, por exemplo, “expectativas não cumpridas" e "os perigos da lógica económica extrativista”.

“Vai-se a um sítio, tiram-se os recursos com uma enorme indiferença pela sorte da população e das outras dimensões do desenvolvimento", exemplifica Santos Silva.

Maputo refuta opção militar

Refira-se que nas últimas semanas, vários governos, como os Estados Unidos e a Espanha, ofereceram-se para ajudar no combate aos terroristas, bem como a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que pediu um plano de acção ao Governo de Moçambique.

Entretanto, no passado dia 9, o porta-voz do Conselho de Ministros, Filimão Suaze, veio a público dizer que o apoio militar está fora de questão.

“No quadro do exercício da nossa soberania, não nos vinculamos diretamente aos comentários feitos por um pais ou outro”, disse Suaze, também vice-ministro da Justiça.

No terreno, mais de duas mil pessoas já foram mortas e o Governo indica que há cerca de 560 mil deslocados.

Fontes