30 de agosto de 2014
A campanha eleitoral para as eleições de 15 de Outubro em Moçambique começa amanhã de domingo (31) e pode assinalar a primeira aparição pública do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que há cerca de um ano encontra-se na serra da Gorongosa.
As eleições vão inaugurar uma nova metamorfose político-institucional por ocorrerem numa altura em que o activismo politico no país mostra que o equilíbrio de forças mudou bastante, sobretudo com a surpreendente ascensão do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que, tal como a Renamo tem estado a bater-se por uma mudança no Governo
Para além do activismo politico, destacam-se também no debate político moçambicano o surgimento da chamada sociedade civil, mais activa, e o facto de os eleitores moçambicanos começarem a mostrar que têm opiniões políticas próprias.
Arão Macanze, líder da Igreja Adventista, diz ser verdade que nos últimos 20 anos a Frelimo procurou reforçar o seu poder político e económico, mas também é verdade que os partidos da oposição estão a influenciar a tomada de decisões políticas, ao mesmo tempo que manifestam a ambição de tirar a Frelimo do poder.
Acrescenta ainda que seja quem for o vencedor, estas eleições marcam sempre uma transição. "Devido à sua importância, porque traduzem uma transição em Moçambique, estas eleições devem ser devidamente acompanhadas pelos observadores e sociedade civil", disse.
O Observatório Eleitoral, uma organização de líderes religiosos e da sociedade civil que tem observado as eleições em Moçambique desde 2003, diz estar a investir muito no acto de Outubro.
"O Observatório Eleitoral pensa entrar nestas eleições com 400 observadores, que vão acompanhar os partidos políticos e os candidatos. Vamos ter também 163 monitores de conflitos que, em parceria com os órgãos eleitorais e os partidos políticos, vão resolver todos os conflitos que forem surgindo", revelou Augusta Almeida, daquela organização.
Por seu lado, a Comissão Nacional de Eleições, na voz do seu porta-voz, Paulo Cuinica, diz que todo e qualquer acto de violência vai ser considerado crime, punível nos termos da lei.
Actos de violência têm-se registado em períodos eleitorais em Moçambique, envolvendo simpatizantes dos diferentes partidos.
- Nampula
A província de Nampula, o maior círculo eleitoral de Moçambique, regista um movimento enorme de pessoas de outras províncias para o início da campanha eleitoral.
Dois dos três candidatos à ponta vermelha vão lançar a caça ao voto na cidade de Nampula, Filipe Nyusi (da Frelimo) e Daviz Simango (do MDM).
Os cidadãos começaram a ouvir mensagens e a ler nas diferentes esquinas cartazes com convites para actos que marcarão o início da campanha eleitoral.
Cidadãos ouvidos pela Voz da América dizem esperar que a recente aprovação da lei eleitoral e o acordo de cessar das hostilidades traduzam-se igualmente numa campanha eleitoral pacífica e ordeira.
O início da campanha eleitoral no maior círculo eleitoral do país está a ser antecedido de divulgação de mensagens de paz e apelos a uma eleição mais pacífica e sem abstenção, por parte de diversas organizações da sociedade civil.
Uma dessas organizações é a Associação das Mulheres Rurais de Nampula que, juntamente com o Fórum Mulher, sensibiliza as mulheres a não faltarem às urnas no dia 15 de Outubro.
Recorde-se que a província de Nampula perdeu dois mandatos mas anteriores eleições, mas deverá eleger 45 deputados à Assembleia da República.
Fontes
- Miguel Ramos. Eleições em Moçambique abre período de transição para uma nova realidade — Voz da América, 29 de agosto de 2014, 16hs31min
- Faizal Ibramugy. Campanha eleitoral arranca em força em Nampula — Voz da América, 29 de agosto de 2014, 16hs45min
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