Agência VOA

Akinwumi Adesina, presidente do Banco Africano de Desenvolvimento.

27 de Maio de 2020

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O secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, expressou "profundas reservas" sobre o resultado de uma investigação interna que limpava o nome de Adesina e pediu a nomeação de um investigador externo independente.

A carta, datada de 22 de maio, foi enviada ao presidente do conselho do BAD, a ministra do Planeamento e Desenvolvimento da Costa do Marfim Niale Kaba. Adesina procura ser escolhido para um segundo mandato de cinco anos à frente do BAD, um dos cinco maiores bancos multilaterais de desenvolvimento do mundo.

Reeleição fragilizada

Os denunciantes enviaram no mês passado um relatório de 15 páginas aos governadores do banco detalhando supostos desvios, tratamento preferencial para outros nigerianos em nomeações para altos cargos o e promoção de pessoas suspeitas ou condenadas por fraude e corrupção.

O comité de ética do banco exonerou totalmente Adesina, dizendo que a denúncia "não se baseia em fatos objetivos e sólidos". O próprio Adesina descartou as alegações como "espúrias e infundadas" e "descaradamente falsas". Ex-ministro da Agricultura da Nigéria, Adesina, 60 anos, é o único candidato em eleição marcada inicialmente para o final de maio, mas adiada para agosto por causa da pandemia de coronavírus.

Ele tem o apoio da União Africana (UA) e da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Em outubro de 2019, o BAD conseguiu 115 biliões de dólares em capital novo, operação considerada um sucesso pessoal para a Adesina. Mas o banco foi abalado por uma série de saídas de destacados responsáveis logo após a sua chegada, que se queixaram do estilo de liderança "autoritária" de Adesina.

Na carta ao conselho do banco, Mnuchin disse: "Pedimos que inicie uma investigação aprofundada às alegações usando os serviços de um investigador externo independente e de alto nível profissional". Ele acrescentou: "Tememos que a dispensa de todas as alegações sem investigação apropriada manche a reputação dessa instituição como uma que não defenda altos padrões de ética e governança. Adesina é o primeiro presidente nigeriano do BAD, em que a Nigéria é a principal parte interessada no banco, com nove por cento.

O presidente tem poder demais

A carta de Mnuchin foi enviada depois dos denunciantes pediram uma investigação independente e após denúncia inicial que não ganhou força. A investigação interna foi contaminada por "irregularidades e manipulações", diz um grupo anónimo de "funcionários preocupados do BAD" em carta aos governadores dos bancos. O BAD não reagiu imediatamente à carta do secretário americano.

O banco tem 80 estados acionistas , 54 dos quais são africanos. Os outros são das Américas, Ásia e Europa. Um economista da Costa do Marfim, falando sob condição de anonimato, disse que a carta era um sinal claro das "intenções dos EUA de tirar Adesina". Mas, alertou o economista, "se os Estados Unidos rejeitarem Adesina, a credibilidade e a reputação do BAD junto a investidores internacionais serão questionadas." A fonte acrescentou, no entanto, "Adesina também fez muitos inimigos com o seu estilo de gestão do banco".

Um executivo do BAD disse à AFP: "O presidente tem poder demais. Ele nomeia quem ele quer. Muitos gerentes deixaram nos últimos cinco anos". "É necessária uma reforma de longo alcance para conter o seu poder", disse o executivo, que pediu para não ser identificado.

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