15 de outubro de 2024
Faz mais de 20 anos que o peixe cabeça-de-cobra (snakehead em inglês) foi visto no Rio Otomac, Estados Unidos, pela primeira vez, mas como espécie invasora, os danos ao meio-ambiente não se confirmaram.
Snakeheads apareceram pela primeira vez na área de Washington em 2002 e quase imediatamente, autoridades locais de vida selvagem soaram o alarme e cientistas se preocuparam que eles dizimassem as populações de peixes predadores nativos desta área, incluindo o premiado robalo de boca grande. “O Rio Potomac é um destino renomado em todo o país para torneios de robalo e pesca esportiva de robalo. É enorme”, diz John Odenkirk, biólogo especializado em pesca do Departamento de Recursos da Vida Selvagem da Virgínia. “E então, essa era a preocupação, que esse peixe iria destruir isso, porque eles estavam meio que no mesmo nível no topo da cadeia alimentar".
A espécie, que podem crescer até mais de 83 centímetros de comprimento, tem dentes pontudos e pode respirar ar, o que significa que pode sobreviver fora da água por vários dias - desde que sua pele permaneça úmida. Snakeheads também desovam duas vezes por ano, enquanto peixes de nível similar desovam apenas uma vez por ano. As autoridades estavam preocupadas que essas qualidades únicas dessem aos snakeheads uma vantagem sobre os predadores nativos. "Isso nunca aconteceu”, diz Odenkirk. “Eles nunca chegaram ao ponto em que pudessem ameaçar a fauna local".
O pescador Mike Sielicki, de Fredericksburg, Virgínia, vai mais longe: “Para mim, é o melhor peixe que já chegou aos Estados Unidos e espero que ele acabe indo para todos os corpos d’água para que todos possam apreciá-lo".
Sielicki pesca cabeças-de-cobra há 20 anos, desde que eles apareceram pela primeira vez em Potomac Creek, uma enseada rasa que deságua no Rio Potomac, uma importante hidrovia da área de Washington. Por meio de sua empresa ele leva clientes para pescar a espécie, vinda da Ásia. "Parece carne de frango", disse.
O equilíbrio do sistema
Odenkirk diz que os snakeheads não estão dominando seu ambiente em parte porque predadores, incluindo pássaros e outros peixes grandes, os encontraram. E ele diz que as presas naturais dos cabeça-de-cobra, incluindo peixes menores, instintivamente se ajustou à sua presença. O peixe também é popular entre pescadores, o que também ajudou a manter população sob controle.
Embora as cabeças de cobra não tenham causado um impacto negativo perceptível no ecossistema, as autoridades responsáveis pela vida selvagem não estão preparadas para dar sinal verde para as espécies invasoras. “Se eles entrarem em algum lugar diferente, talvez onde tenhamos um peixe ameaçador ou em perigo de extinção, onde não haja tanta diversidade na comunidade de peixes, pode haver alguns impactos indesejados em uma situação como essa”, diz Odenkirk.
Anos atrás, autoridades preocupadas com a vida selvagem aconselharam as pessoas a matar cabeças de cobra se as pegassem, mas uma pesquisa estadual recente mostrou que cerca de 40% das pessoas que pegam esse peixe agora optam por soltá-lo de volta na natureza.
Fontes
editar- After 20 years, killer, invasive snakehead fish haven't devoured the competition — VOA, 29 de agosto de 2024
Conforme os termos de uso "todo o material de texto, áudio e vídeo produzido exclusivamente pela Voz da América é de domínio público". A licença não se aplica a materiais de terceiros divulgados pela VOA. |