Brasil • 30 de setembro de 2005

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Segundo o doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, o Partido dos Trabalhadores (PT) repatriou dólares armazenados em contas no exterior através de um esquema de lavagem de dinheiro, a fim de conseguir fundos para as campanhas políticas das eleições de 2002.

As declarações de Antônio Oliveira Claramunt foram feitas terça-feira passada (20), durante uma audiência conjunta das comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMIs) dos Correios, da Compra de Votos (Mensalão) e dos Bingos, em Brasília. Claramunt cumpre pena, condenado pela Justiça por efetuar transações financeiras ilícitas.

No início da reunião, Claramunt disse que nunca fez negócios diretamente com o PT. Contudo, no decorrer do depoimento ele afirmou que ajudou o PT a trocar dólares por reais na época das eleições, em 2002.

O doleiro disse que ele pessoalmente movimentou US$ 2,050 milhões destinados ao PT.

De acordo com o doleiro, o PT teve dificuldades para juntar recursos financeiros em 2002. Por causa disso, segundo Claramunt, o partido resolveu trazer dinheiro guardado em contas no exterior.

Claramunt disse que em 2002 ele entregava cerca de 30 mil dólares por dia a um indivíduo, que identificou como Marcos, dentro do gabinete do então vereador Devanir Ribeiro (PT-SP). Ribeiro, que atualmente é deputado federal pelo PT, estava presente na reunião das CPIs e disse que nunca ouviu falar sobre isso.

O doleiro Antônio Oliveira Claramunt disse também que a sua empresa, a Barcelona Tour, ajudou a transferir para o exterior recursos da Prefeitura de Santo André (São Paulo). Claramunt disse acreditar que o dinheiro vinha de empresas de ônibus porque as cédulas que recebia eram de pequeno valor (R$5,00 e R$10,00), valores típicos de negócios com ônibus.

Claramunt explicou como supostamente vinha o dinheiro

O doleiro Antônio Oliveira Claramunt afirmou que o empresário Marcos Valério transferia dólares de uma conta no Trade Link Bank para outra conta no Rural International Bank, uma agência do Banco Rural nos Estados Unidos. Uma vez internalizado no Banco Rural, o dinheiro ia para a corretora Bonus-Banval, que então supostamente repassava os recursos para o PT. Claramunt disse que a pessoa responsável pela operação de conversão dólares-reais era o doleiro Dario Messer.

Claramunt disse que o empresário Marcos Valério entrou em contato com a Bonus-Banval por intermédio do líder do Partido Progressista (PP) Deputado José Janene (Paraná), que por sua vez tinha conhecido a empresa através de um doleiro de Londrina chamado Alberto Jussef. Valério teria feito o contacto do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares com a empresa corretora.

Claramunt disse que o líder do Partido Progressista (PP) Deputado José Janene (Paraná) foi apresentado pr Jussef à Bonus-Banval. Janene, então, segundo Claramunt, apresentou Marcos Valério. Janene, por intermédio de sua assessoria, disse que prefere não comentar as declarações de Claramunt, às quais disse que não dá nenhuma credibilidade.

O doleiro disse que era voz corrente no mercado que os sócios da Bonus-Banval e o Deputado José Dirceu (PT-SP) eram amigos próximos. José Dirceu, por meio da sua assessoria negou com veemência essa declaração.

Doleiro desmente algumas informações

O doleiro Antônio Oliveira Claramunt desmentiu algumas declarações suas publicadas pela imprensa e pela Revista Veja, e o seu depoimento anterior dado para a CPMI dos Correios, em São Paulo.

Naquela ocasião ele tinha levantado suspeitas sobre o Ministro da Justiça Márcio Thomas Bastos e o Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Claramunt alegou que foi mal-interpretado e que não pretendeu dizer que Meirelles ou Bastos enviaram dólares ao exterior através de operações ilegais.

Claramunt também declarou que é "fantasiosa e sem nexo" a informação que Luis Favre, o marido da ex-Prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT), usou nomes falsos para remeter dólares ao exterior de forma fraudulenta.


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Fontes