21 de maio de 2021

Jacarezinho
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Os participantes de audiência pública que discutiu as mortes de 28 pessoas em operação policial na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, pediram aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que acompanhem o voto do ministro Edson Fachin e determinem uma ampla investigação do caso pelo Ministério Público Federal, com auxílio da Polícia Federal.

Fachin disponibilizou seu voto em uma ação relativa às operações policiais no Rio nesta sexta-feira (21), mas o julgamento virtual vai até o dia 28.

Ele pediu ao Ministério Público que investigue se a determinação do Supremo de agosto do ano passado foi descumprida, inclusive a decisão de preservação de vestígios em caso de confronto armado. O STF havia decidido, em razão da pandemia de Covid-19, que as operações policiais deveriam ser realizadas apenas em situações excepcionais. O julgamento de agora se refere a um recurso nessa ação que visava obter mais medidas restritivas.

Para a deputada Talíria Petrone (Psol-RJ), que qualifica a operação de “chacina”, as investigações não podem ficar só com o estado do Rio de Janeiro. Ela disse que as mortes de 27 pessoas da comunidade e um policial são mais um pedaço da história de violência contra uma parte da população. A operação no Jacarezinho ocorreu no último dia 6.

“Um corpo negro, um corpo periférico, um corpo da favela, que é vítima na fila do SUS. O mesmo corpo que é vítima do desemprego, vítima da fome, é também vítima da bala que muitas vezes chega do Estado”, declarou. “A gente tem um cenário em que, pelo menos a cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil. E esse ciclo precisa ser interrompido”, disse a deputada.

Integrante da Ordem dos Advogados do Brasil-Rio de Janeiro, Nadine Borges afirmou que o voto de Fachin é importante porque ressalta a necessidade de perícia técnica:

“Além de poder ser assistido pela Polícia Federal em uma investigação como essa, nós precisamos de uma perícia técnica, de um corpo criminalístico-administrativo, sem vínculo direto com órgão de segurança pública”, argumentou. “Se não tivermos isso, essa vai ser mais uma operação fadada ao fracasso e ao esquecimento, como tem sido sistemático neste País.”

O ouvidor externo da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, Guilherme Pimentel, esteve no local após a operação e relatou que o quadro era “estarrecedor”. “Muito sangue em vários pontos da favela, muitas marcas de corpos arrastados, muitas casas e comércio completamente destruídos, e as pessoas muito traumatizadas”, afirmou.

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