20 de abril de 2021

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

O relato da prisão do músico Luiz Carlos da Costa Justino, ocorrido em novembro do ano passado em Niterói, marcou a reunião da última sexta-feira (16) do grupo de trabalho formado por juristas negros que analisam mudanças na legislação brasileira para combater o racismo estrutural. O músico voltava de uma apresentação de rua, em um projeto social, quando foi abordado e preso sem direito a explicações.

“Eu fiquei sabendo depois, pelo advogado, o que estava acontecendo comigo. Me senti como um escravo na senzala, aqueles filmes que a gente vê na TV", relatou Justino, que ficou preso por cinco dias. Ele disse que o ocorrido está afetando a vida pessoal dele e a convivência com a família. "Afetou tanto minha filha que ela tem sonhos com isso. Ela fala assim: 'papai, vi polícia dentro do meu olho'. E eu falo o que depois disso?", questiona.

Luiz Justino foi preso por ter semelhanças com um suspeito. O juiz responsável pela soltura do músico foi André Nicolitt, um dos 22 juristas negros que compõem a comissão. Depois do ocorrido, jovens que passaram por situação semelhante incentivaram o músico a expor sua situação, para tentar mudar essa realidade. Por isso, ele se inscreveu para falar na audiência pública, aberta para pessoas e grupos que quisessem contribuir com a comissão.

Foi o caso também da Associação dos Juízes para a Democracia, representada pelo desembargador Ciro Darlan, do Rio de Janeiro, que apresentou dez páginas de propostas e fez uma dura autocrítica à atuação dos magistrados brasileiros.

“O Poder Judiciário, hoje, se parece muito com o capitão do mato do tempos da escravidão, e são os juízes os principais responsáveis por esse racismo estrutural. É preciso que eles sejam educados em humanismo”, afirmou.

Fontes