Brasil • 28 de junho de 2005

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O governo do Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva experimenta uma grave crise política. Ele e seu partido, o Partido dos Trabalhadores (PT) são o alvo de graves denúncias de corrupção.

Esta é a mais severa crise política desde que o ex-presidente Fernando Collor de Mello (eleito em 1989) teve seu mandato encurtado pela renúncia, para evitar um processo de impeachment (por causa de acusações de corrupção), em 1992.

O Partido dos Trabalhadores (PT), o partido do governo, não tem sido bem sucedido nas suas defesas contra as denúncias de corrupção. O deputado Roberto Jefferson disse que o partido do governo comprou o apoio de alguns deputados brasileiros, através do pagamento de R$ 30 mil mensais para cada um. Embora Jefferson tenha dito que não possui provas, ele forneceu uma bem detalhada descrição de como funcionava o suposto esquema de corrupção.

Os depoimentos de outras testemunhas e as investigações que estão a ser feitas pela Polícia Federal deram sustentação a algumas das declarações de Jefferson. A investigação independente que está a ser feita por jornais e revistas, e a publicação de documentos e outras evidências, expõe o Partido dos Trabalhadores cada vez mais.

O apoio popular para o Presidente está a deteriorar-se. Exceto pelo PT e pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que são parte do governo, não há nenhum outro partido político no Brasil que negue as acusações. Todos os jornais e revistas publicam histórias todos os dias relacionadas ao escândalo. O próprio PT está dividido: alguns de seus integrantes acreditam que as acusações são verdadeiras e acham que algo deu errado, outros preferem negar as evidências e retrucar que o partido é inocente, alegando uma suposta "conspiração de direita para derrubar o governo operário do poder".

Uma grade parte do trabalho dos parlamentares brasileiros está relacionado às investigações dos escândalos. Além do escândalo do mensalão denunciado por Jefferson, há o escândalo dos Bingos, o escândalo dos Correios e o escândalo do Instituto Brasileiro de Resseguros (IRB). Todos esses escândalos estão a ser submetidos para investigação pelos parlamentares.

Uma importante questão é se o Presidente Lula sabia sobre os suspostos escândalos em seu governo, ou não. Se ele sabia e não fez nada, pode-se acusá-lo de conivência ou então de que tomou parte, o que é pior. Se ele não sabia, então alguém pode dizer que ele foi muito incompetente porque não foi capaz de enxergar algo tão grande debaixo de seu nariz, e também por não saber escolher assessores de confiança.

Atualmente, a autoridade e a eficiência do Presidente da República estão em questionamento. Algumas pessoas dizem que foi o ex-Ministro José Dirceu quem na verdade foi responsável pela maior parte das decisões do governo Lula. Os políticos pedem para que o Presidente assuma o controle de seu governo, e para que ele faça uma ampla reforma e se afaste das pessoas envolvidas nos escândalos.

Além das denúncias de corrupção, o governo do Presidente Lula está a ser criticado por sua fraca agenda social. O programa chamado "Fome Zero" mostrou até o momento poucos resultados e muitas pessoas acusam-no de ser apenas uma estratégia de propaganda.

O gerenciamento da economia tem sido elogiado por alguns analistas. Todavia críticos, até mesmo de dentro do governo, como o Vice-Presidente José Alencar criticam a forma como a economia vem a ser administrada e reclamam ds altas taxas de juros. Não há uma inflação elevada, mas o número de desempregados é alto e os salários estão baixos. Outros críticos dizem que que a política econômica atual é apenas a mera continuação da política do governo anterior, e não apresenta inovações.

Os próximos dias ou o próximo mês podem ser decisivos para o futuro do governo Lula, e do próprio presidente. Há quem avalie que para sair da crise, ele deve mostrar que não está envolvido nos escândalos de corrupção, reformar o governo e provar que é competente. Os fatores positivos são: a economia não está seriamente afetada pela crise política até agora, a população está perplexa mas calma e os políticos não estão a envolver o Presidente nas denúncias, apesar de eles exigirem rigor nas investigações de corrupção.

Entretanto, ninguém sabe até quando esta situação irá perdurar, e há inclusive quem comece a duvidar que Lula permaneça até o final de seu mandato, em 2006.

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Reportagem original
Esta notícia contém reportagem original de um Wikicolaborador. Veja a página de discussão para mais detalhes.