Caso Mahsa Amini: Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá e Nova Zelândia declaram apoio às mulheres do Irã
16 de setembro de 2023
Hoje, dia em que se completa o segundo ano da morte de Mahsa Amini pela Polícia Moral do Irã, Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá e Nova Zelândia emitiram uma declaração conjunta manifestando apoio às mulheres e meninas iranianas. O pai da jovem disse dias atrás que nunca recebeu uma explicação oficial, mesmo após várias tentativas junto às autoridades, que declararam que ela morreu de infarto, o que é contestado pela família, que diz que ela foi severamente espancada enquanto estava na prisão.
A declaração foi feita pelo Secretário de Estado dos Estados Unidos e pelos Ministros das Relações Exteriores da Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Reino Unido e enfatiza que o movimento em defesa das ideias de liberdade feminina que ganhou força com a morte da jovem continua vivo no Irã e recebe apoio dos cinco países. "Hoje, há dois anos, Mahsa Zhina Amini, uma jovem curda-iraniana, foi morta enquanto estava sob custódia policial no Irã. Sua morte desencadeou um movimento de protesto nacional, liderado por mulheres e meninas, que foi inabalável em sua demanda por um futuro melhor. Estamos com mulheres e meninas no Irã e os defensores dos direitos humanos iranianos, em todos os segmentos da sociedade em sua luta diária contínua por direitos humanos e liberdades fundamentais", diz o comunicado. Após a morte de Mahsa, jovens de todo país criaram o movimento "Mulher, Vida, Liberdade", baseado num antigo slogan político popular curdo.
As autoridades também criticaram a repressão e a violência contra as mulheres no país muçulmano: "Na vida cotidiana, mulheres e meninas continuam a enfrentar severa repressão no Irã. A repressão renovada do hijab “Noor”, que aplica a lei iraniana que exige que as mulheres usem véus, estimulou uma nova rodada de assédio e violência. O governo iraniano reforçou sua infraestrutura de vigilância para prender, deter e, em alguns casos, torturar mulheres e meninas por seu ativismo pacífico. De acordo com organizações de direitos humanos, o Irã é um dos principais executores de mulheres no mundo".
Crítica ao novo presidente
Masoud Pezeshkian tomou posse no final de julho passado e esperava-se que ele adotasse um discurso e uma política mais moderada no país dominado pelo radicalismo religioso liderados pelos regime dos aiatolás, o que ainda não aconteceu. Os cinco países disseram que responsabilizarão os "violadores iranianos dos direitos humanos" por todos os meios possíveis. "Apelamos à nova administração iraniana para cumprir sua promessa de aliviar a pressão sobre a sociedade civil no Irã e acabar com o uso da força para impor a exigência do hijab. O recente aumento nas execuções que ocorreram em grande parte sem julgamentos justos foi chocante e pedimos ao governo iraniano que cesse suas violações de direitos humanos agora. Nós, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos, continuaremos a agir em conjunto para responsabilizar o governo iraniano e usaremos todas as autoridades legais nacionais relevantes para promover a responsabilização dos violadores iranianos dos direitos humanos, inclusive por meio de sanções e restrições de visto", disseram as autoridades internacionais.
Os diplomatas também declararam que o novo governo se omite em relação a morte de centenas de protestantes. "O governo iraniano ainda precisa abordar essas alegações e não cooperou com esse mandato reconhecido internacionalmente", apontaram.
Mortes e detenções
Segundo o documento emitido, 500 pessoas que protestaram pelo assassinato de Mahsa foram mortas em 2022 e 2023 pela polícia iraniana. "Pelo menos 500 pessoas morreram e mais de 20.000 foram detidas na repressão brutal das forças de segurança iranianas a demonstrações de dissidência em 2022 e 2023, mas o movimento global “Mulher, Vida, Liberdade” permanece unido. A Missão Internacional Independente de Apuração de Fatos (FFM) sobre o Irã, estabelecida pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, disse que muitas das violações de direitos humanos perpetradas contra manifestantes equivalem a crimes contra a humanidade".
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Fontes
editar- ((fa)) بیانیه مشترک آمریکا، استرالیا، کانادا، نیوزلند و بریتانیا در دومین سالگرد مهسا: کنار زنان و دختران ایرانی ایستادهایم — VOA Farsi, 16 de setembro de 2024
- ((en)) Joint statement marking two Years since death of Mahsa Zhina Amini — Government of Canada, 16 de setembro de 2024
- ((en)) Joint Statement two years after Mahsa Zhina Amini’s death — UK Gov, 16 de setembro de 2024 O Governo do Reino Unido (Gov. UK) licencia seus dados de acordo com a Open Government Licence. A não ser quando expresso em contrário, é permitido "copiar, publicar, distribuir, transmitir e adaptar as informações, comercialmente e não-comercialmente", mediante "reconhecimento da fonte das informações".