Agência VOA

Cabo Verde.

Afirmação do antigo combatente e governante de Cabo Verde, Silvino da Luz.

1 de julho de 2015

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Ao assumir os destinos de Cabo Verde a 5 de Julho de 1975, o Governo de então, constituído na sua esmagadora maioria por antigos combatentes do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), apostou numa aproximação ao continente africano.

"Sabíamos que a África era o nosso espaço e que teríamos de desenvolver uma enorme campanha no continente porque ninguém nos conhecia", lembra o primeiro ministro da Defesa de Cabo Verde e ministro dos Negócios Estrangeiros durante 10 anos, Silvino da Luz.

O comandante, que foi o primeiro dirigente a ser enviado pelo PAIGC para Cabo Verde, depois do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 em Portugal, para organizar as estruturas do partido e preparar as primeiras eleições e a cerimónia da Independência, reconheceu que Cabo Verde não tinha contacto com os países do continente, "por imposição do Governo colonial" e, por outro lado, havia uma certa desconfiança do papel do mestiço em África", como era o caso dos cabo-verdianos.

Com a experiência da diplomacia desenvolvida durante a luta armada, "tendo à frente um diplomata com a dimensão de Amílcar Cabral, desenvolvemos uma intensa actividade de aproximação aos países do continente e tivemos uma enorme movimentação de líderes africanos em Cabo Verde", lembra Silvino da Luz.

Numa segunda fase, o Governo do arquipélago optou por desenvolver uma diplomacia que visava facilitar a resolução de conflitos porque "acreditávamos que um país pequeno pode ajudar e ser um elemento importante na arena internacional, sem estar do lado da então União Soviética e seus amigos ou dos Estados Unidos e seus amigos", conta o diplomata.

Ao olhar para os 40 anos de país independente, o antigo combatente considera que, "apesar de algumas vozes de sereias em 1975 em sentido contrário, os cabo-verdianos sentem e vivem a sua independência" e o caminho percorrido "não só é bom, como orgulha a todos".

Aliás, lembra Silvino da Luz, há documentação a provar que um alto dirigente do Governo português de então escreveu ao secretário-geral das Nações Unidas a pedir "um regime de tutela para Cabo Verde porque era um país inviável.

"Hoje a realidade é outra e o caminho está traçado", afirma.

Silvino da Luz é o convidado da edição de hoje, 1 de Julho, da Agenda Africana, da VOA.

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