12 de outubro de 2024
Levantamento do Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina (MAAP) mostra que a Amazônia Internacional perdeu 3,8 milhões de hectares de floresta em 2023, 65% deles apenas no Brasil – foi o ano mais devastador das últimas duas décadas. A perda foi equivalente a 190 vezes o tamanho da cidade de Buenos Aires. Países como Bolívia, Colômbia, Equador e Peru também perderam parte da sua mata virgem.
A Amazônia Internacional corresponde a uma área ao norte da América do Sul, que abrange nove países: Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Apesar dessa imensa área, aproximadamente 60% da Amazônia fica em território brasileiro.
O ano de 2024 é, até agora, o de maior emissão de gases estufa por culpa dos incêndios florestais no Brasil desde 2005. Os dados são do observatório espacial europeu Copernicus. O acúmulo desses gases na atmosfera é um dos principais motores do aquecimento global e, no Brasil, as queimadas estão entre as maiores fontes de emissões, ao lado do desmatamento.
O cientista da área climática Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP e copresidente do painel científico para a Amazônia, explica que, dos nove países que compõem a Amazônia internacional, apenas três estão preservados: Guiana Francesa, Guiana, Suriname e parte da Venezuela. Os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelaram que, em setembro, a fumaça das queimadas na Amazônia atingia também a Bolívia.
- Previsão assustadora
O Acordo de Paris foi assinado por 196 países com o objetivo de conter o aumento do aquecimento global, não podendo passar de 1,5° em 2021. Para isso, seria necessária a redução de 50% nas emissões globais, aí a meta seria alcançada, mas não é o que está acontecendo. Pesquisadores se debruçam em cima de gráficos, livros e pesquisas para entender o que aconteceu em um prazo tão curto de tempo. A previsão para o futuro do mundo é assustadora, caso nada seja feito.
A COP 30 deve ser uma das mais importantes de todas as edições, a fim de que todos os países foquem na aceleração para conter o aquecimento global do planeta. O Brasil pode estar até 2035 com 1 milhão de quilômetros quadrados de todos os biomas restaurados e recuperados, e não só a Amazônia, mas também Pantanal, Cerrado e pampas. Essa é a meta da COP 30.
Segundo o MAAP (Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina), a área desmatada durante 2020 no Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela é 17% maior que a relatada no ano anterior e equivalente à área do Estado de Sergipe. “A partir das imagens de satélite observadas, as áreas devastadas no Brasil, concentradas no sul do território amazônico, foram primeiro desmatadas e depois queimadas, causando grandes incêndios, principalmente devido a uma prática aparentemente ligada à expansão da pecuária extensiva na região”, avalia Carlos Nobre.
Fontes
editar- ((pt)) Sandra Capomaccio. Amazônia Internacional não foi poupada da devastação causada pelos incêndios — Jornal da USP, 11 de outubro de 2024
Esta notícia é uma transcrição parcial ou total do Jornal da Universidade de São Paulo. Este texto pode ser utilizado desde que seja atribuído corretamente aos autores e ao sítio oficial. Veja os termos de uso (copyright) na página do Jornal da USP |