Agência Brasil

Brasília, Distrito Federal, Brasil • 19 de agosto de 2009

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

O arquivamento de todas as 11 acusações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), hoje (19), no Conselho de Ética, com a apoio de senadores do PT, provocou um racha na bancada do partido. Um dos três petistas que votaram a favor do arquivamento das acusações contra Sarney, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) criticou a postura do líder Aloizio Mercadante (SP) e se disse “abandonado” e “desemparado” durante a votação.

Delcídio afirmou que ser governo tem ônus e bônus e a postura dos senadores do PT no conselho foi decidida pela Executiva Nacional. “Política é assim: tem seus ônus e seus bônus. Não venho aqui para o Senado posar de bacana quando sou governo, quando também tenho que defender posições que o partido me orienta e que são importantes para o governo”, argumentou Delcídio.

Outro petista, Flávio Arns (PR), disse que se sentia envergonhado por pertencer ao PT. “Posso dizer que me envergonho de estar no Partido dos Trabalhadores. Quero dizer isso de forma bem clara aos meus eleitores. Infelizmente, me equivoquei, me enganei. Achei que [o partido] fosse algo sério, ético. É uma pena, uma vergonha a forma como os senadores do partido votaram no Conselho de Ética. Peço que esse senadores prestem contas no seus estados para se posicionar dessa maneira”, disse Arns, que pode deixar o partido ainda hoje.

Apesar de evitar falar na saída de Mercadante da liderança do partido no Senado, Delcídio sinalizou que depois do encaminhamento dado pelo líder, hoje, no conselho, a situação está insustentável. “Ele [Mercadante] deveria ter lido a nota e falado aquilo que foi combinado. A nossa posição de sempre foi de analisar os documentos, mas sempre respeitando a posição do partido. Ele não leu [a nota] e depois, quando pediu a palavra, nos deixou desamparados, o que um líder não pode fazer, infelizmente”, disse Delcídio.

Antes da votação do arquivamento das denúncias contra Sarney, o senador João Pedro (PT-AM) leu uma nota enviada pelo presidente da sigla, Ricardo Berzoini. Na carta, o Berzoini afirmava que a posturas dos petistas no colegiado não seria individual, mas partidária e “de cima para baixo”.

“Cumprimos exatamente aquilo que foi acordado. Infelizmente, não foram todos que cumpriram o que acordamos. Fomos para o sacrifício sim, mas estamos de acordo com isso”, reforçou Delcídio.

Outro senador petista, Eduardo Suplicy (SP), disse que poderia ter votado pelo arquivamento das acusações contra Sarney, desde que ele apresentasse sua defesa no conselho. Mas argumentou que seu voto seria conforme sua consciência. Suplicy disse ainda que, de acordo com o Berzoini, a nota era uma orientação. “A nota era uma orientação e não uma determinação e, por isso, publicamente disse que como era expectativa poderíamos votas conforme nossas consciências e convicções.”

Após o arquivamento das ações contra Sarney, Mercadante e a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), saíram do conselho pelos fundos e evitaram falar com a imprensa.

Fonte