17 de fevereiro de 2021
As prateleiras de supermercados na maioria das cidades venezuelanas parecem lotadas e com uma importante variedade de produtos nacionais e importados, um panorama bem diferente de alguns anos atrás.
As longas filas de cidadãos esperando para poder comprar uma quantidade limitada de alimentos ou itens básicos a preços controlados, especialmente entre 2013 e 2017, não são mais vistas. Agora as prateleiras estão cheias, mas a hiperinflação destruiu o poder de compra.
"Tudo é muito caro… Não tem quem aguentar", comentam os consumidores em um supermercado no leste de Caracas, a maioria pega o produto e coloca de volta no seu local após verificar o preço.
O especialista em financias Jesús Casique explica que embora o governo não tenha suspendido os rígidos controles cambiais implementados desde 2003, "flutuou" a taxa de câmbio, o que permitiu a redução da carência.
“O problema que a Venezuela atravessa atualmente é que o poder de compra está pulverizado, em função do aumento dos preços, do câmbio que vem aumentando significativamente e das expectativas dos economistas”, acrescentou o especialista.
O economista afirmou: “Temos duas venezuelas, uma vasculhando o lixo e outra que gera receita em divisas ou uma riqueza avulsa, que tem acesso para satisfazer suas necessidades”.
Questionado sobre as políticas que devem ser implementadas para aumentar o poder de compra, Casique defende que, em primeiro lugar, deve-se respeitar o artigo 320 da Constituição, que, entre outras coisas, afirma que “o Estado deve promover e defender a estabilidade econômica para garantir o bem-estar social”.
“Enquanto o governo responsável pela política monetária junto com o Banco Central da Venezuela e o Ministério da Fazenda não estabelecer as medidas corretivas necessárias, é extremamente difícil reduzir a hiperinflação”, destacou Casique.
A Venezuela está em hiperinflação há 38 meses, situação que continuará a atingir os venezuelanos por pelo menos mais 12 meses, segundo estimativa da OVF, que revelou recentemente que o índice de preços ao consumidor para o mês de janeiro foi de 55,2%, e que o a inflação interanual foi de 3.478%.
“Se isso se estender até janeiro de 2022, teremos 50 meses de hiperinflação, isso faz com que a hiperinflação venezuelana se torne a mais longa da história, a mais longa até agora é a Nicarágua, 58 meses”, disse.
Fontes
- ((es)) Venezuela: estantes repletos de productos pero pocos pueden comprar — Voice of America, 17 de fevereiro de 2021
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