20 de fevereiro de 2022

Nicolás Maduro (2019)
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O presidente Nicolás Maduro se distanciou progressivamente de um setor da esquerda venezuelana e, com isso, seu poder político está se erodindo e ele perde uma influência "relativa" diante das próximas eleições presidenciais, segundo analistas e ativistas marxistas locais.

No início de fevereiro, o presidente venezuelano atacou publicamente os líderes do que chamou de "esquerda covarde, derrotada e fracassada".

Seus comentários vêm dias depois que os presidentes do Chile e do Peru, Gabriel Boric e Pedro Castillo, respectivamente, avaliaram que seu colega venezuelano causou um revés democrático "brutal".

Maduro, no entanto, passou anos expressando abertamente suas diferenças com a esquerda venezuelana, especificamente com o Partido Comunista.

Em 2014, quando enfrentava uma onda de protestos de rua contra ele, chamou ex-ministros e figuras próximas ao ex-presidente Hugo Chávez que criticavam suas políticas e seu modo de governar de "desatualizados" e "desleais".

As críticas da esquerda à gestão de Maduro aumentaram à medida que, desde 2013, as condições econômicas dos trabalhadores pioraram, o sindicalismo enfraqueceu e as denúncias de violações de direitos humanos na Venezuela aumentaram.

Nos últimos anos, essas diferenças se tornaram "irreconciliáveis", segundo o secretário-geral do PCV, Oscar Figuera.

Carlos Aquino, analista político de tendência marxista e membro do Comitê Central do Partido Comunista da Venezuela, explicou à Voz da América que seu partido reivindica sua "história de luta e princípios" como a chave para resolver a crise nacional, não através do “projeto chavista reformista”.

O líder comunista, que diz falar pessoalmente e não pelo seu partido, considera que Hugo Chávez se interessou pelo Partido Comunista entre 1999 e 2013 por “um utilitarismo pragmático para atrair um setor da esquerda”.

Com essa parte da esquerda, acredita Aquino, Chávez "sempre discordou ideologicamente, mas aguentou porque ajudou a limpar a imagem militarista que tinha.

As desqualificações de Maduro por líderes nacionais de esquerda ocorrem porque "ele não aceita críticas".

Aquino concorda. Na sua opinião, o chavismo “é hegemonista, autoritário e imponente, pois só aceita obediência e submissão de seus ‘aliados’.” Ele acredita que Maduro não poderá mais unificar a esquerda venezuelana mostrando “a imagem quimérica da revolução bolivariana.” Ele também alerta que sua saída “abre outra frente de batalha política.”

O cientista político venezuelano Piero Trepiccione enfatiza que as alianças de Maduro não se limitam apenas a ideologias. “Esses conceitos de esquerda, direita e centro são misturados pela nova dinâmica política e social do poder no mundo. Existem extremos que se tocam”, explica ele.

Trepiccione aponta que o afastamento de Maduro de partidos como o PCV e de líderes chavistas como os ex-ministros de Chávez pode abrir caminho para a constituição de uma "grande aliança" contra Maduro em 2024. Ele acredita que a distância de seu partido em relação a Maduro é "clara e inequívoca"

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