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Bom dia, @Gremista.32 reparei que publicou a notícia Comitê premia organização japonesa que milita contra armas nucleares desde os anos 1950 com Nobel da Paz que acha fundir com Nobel da Paz vai para Nihon Hidankyo, organização japonesa contra armas nucleares escolher o título que achar melhor. Fica a seu critério arranjar o texto. Dbastro (discussão) 11h07min de 12 de outubro de 2024 (UTC) @Dbastro não me oponho a uma fusão Gremista.32 msg 18h27min de 12 de outubro de 2024 (UTC)

Dan A. McGovern no hipocentro em Nagasáqui 9 de setembro de 1945

Nihon Hidankyo, uma organização japonesa de sobreviventes dos bombardeamentos dos Estados Unidos de Hiroxima e Nagasáqui, é a vencedora do Nobel da Paz pelo seu ativismo contra as armas nucleares.

Ao fazer o anúncio nesta sexta-feira, 11, o presidente do Comité Norueguês do Nobel disse que o prémio foi atribuído porque o “tabu contra o uso de armas nucleares está sob pressão”.

Jørgen Watne Frydnes afirmou que o Comité do Nobel “deseja homenagear todos os sobreviventes que, apesar do sofrimento físico e das memórias dolorosas, escolheram usar a sua experiência custosa para cultivar a esperança e o compromisso pela paz”.

O diretor da organização também conhecida por Hibakusha, Toshiyuki Mimaki, após ter sido informado do prémio, disse que dará "um grande impulso para demonstrar que a abolição das armas nucleares é possível".

"Será uma grande força para lembrar ao mundo que a abolição das armas nucleares pode ser alcançada", destacou Hidankyo.

Numa primeira reação, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, considerou "extremamente significativo" que o prémio tenha sido concedido à organização"que há muito tempo trabalha pela abolição das armas nucleares".

Os esforços para erradicar as armas nucleares foram também homenageados no passado pelo Comité do Nobel ao atribuir o prémio à Campanha Internacional para Abolição das Armas Nucleares ganhou o Prémio da Paz em 2017 e em 1995 Joseph Rotblat e as Conferências Pugwash sobre Ciência e Assuntos Mundiais levaram o galardão pelos "seus esforços para diminuir o papel desempenhado pelas armas nucleares na política internacional e, a longo prazo , para eliminar tais armas."

A escolha deste ano acontece num contexto de conflitos devastadores que assolam o mundo, nomeadamente no Médio Oriente, na Ucrânia e no Sudão, bem como a permanente tensão entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul.

O prêmio vem um ano antes da marca de 80 anos dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, e em um contexto de crescente preocupação global com novas ameaças nucleares. Desde a década de 1950, a Nihon Hidankyo luta pela abolição das armas atômicas. Sua atuação foi importante para a criação do “tabu das bombas nucleares”, um consenso internacional que estigmatiza o uso desse tipo de arma. O desenvolvimento deste consenso envolveu a coleta de testemunhos dos Hibakusha, termo que significa “pessoas afetadas pela bomba”.

“Os Hibakusha nos ajudam a descrever o indescritível, pensar o impensável e entender a incompreensível dor e sofrimento causada por armas nucleares”, afirmou Jørgen Watne Frydnes, presidente do Comitê Norueguês do Nobel, durante o anúncio da premiação. Apesar de destacar que nenhuma arma nuclear foi utilizada em quase 80 anos, o comitê considera que o tabu está sob ameaça diante de guerras no Oriente Médio, na Ucrânia, no Líbano e na Coreia do Norte, entre outras regiões.

“As forças nucleares estão se modernizando e atualizando, novos países estão se preparando para adquirir armas nucleares e novas ameaças de sua utilização estão sendo feitas. Neste momento na história humana é importante lembrar o que as armas nucleares são: o poder mais destrutivo que o mundo já viu”, reiterou Frydnes. Segundo a Federação dos Cientistas Americanos, atualmente nove países contam com armamento atômico: Rússia, EUA, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.

No dia 6 de agosto de 1945, o Enola Gay, um avião bombardeiro do exército norte-americano, lançou a bomba Little Boy sobre Hiroshima. Três dias depois outro avião lançaria a bomba Fat Man na cidade de Nagasaki. Os ataques, que tiveram a intensidade de 15 e 21 quilotons de TNT, respectivamente, foram responsáveis por matar instantaneamente 120 mil pessoas. Estimativas apontam, que um número equivalente morreu nos meses e anos seguintes, em decorrência das queimaduras e da radiação.

Esse foi o primeiro e único momento na história em que armas nucleares foram usadas em guerra e contra alvos civis. Apesar da destruição massiva, muitas pessoas sobreviveram, lidando com as consequências físicas e emocionais do ataque. O governo japonês chegou a reconhecer a existência de 650 mil sobreviventes. Com o passar das décadas, esses números se reduziram cada vez mais. Segundo a Nihon Hidankyo, atualmente restam aproximadamente 114 mil sobreviventes, muitos já na faixa dos 80 anos. Grande parte dedicou a vida a manter viva a memória dos ataques, com o propósito de disseminar o conhecimento sobre os horrores desse poder destrutivo, na esperança de que a humanidade jamais volte a vivenciar algo semelhante.

A organização japonesa foi fundada em 10 de agosto de 1956, 11 anos após os ataques, durante a 2ª Conferência Mundial contra as Bombas A e H. O grupo surgiu como resposta à censura imposta pelo governo norte-americano que, durante a década seguinte aos bombardeios, proibiu o povo japonês de falar sobre o bombardeio e o mal que ele inflingiu, mesmo após o Japão recuperar sua soberania nacional em 1952. Em 1951, o governo japonês renunciou ao direito de reivindicar indenizações pelos bombardeios, ao assinar o Tratado de Paz de São Francisco, para oficializar o fim da Segunda Guerra Mundial.

A impossibilidade de falar sobre sua realidade, aliado ao sentimento de marginalização e estigma que recaiu sobre os afetados pelas bombas, levou a uma ascensão do movimento antinuclear no país, que culminou na organização formal da Nihon Hidankyo. Desde então, a Confederação envia representantes para participar de eventos e conferências internacionais, com o objetivo de manter viva a memória do ataque e compartilhar as experiências dos sobreviventes. “Os testemunhos e discursos dos Hibakusha nessas ocasiões contribuíram grandemente para informar o mundo sobre o horror das armas nucleares e a atrocidade dos danos causados às pessoas, que permaneceram ocultos do público por mais de 10 anos após seu uso”, informa a organização em sua página oficial.

No último depoimento publicado, em 27 de maio de 2024, a organização se posiciona contra o início dos testes de armas nucleares na Rússia, ação que foi divulgada pelo Ministério de Defesa do país em 21 de maio. “Os bombardeios atômicos no Japão tiraram muitas vidas e continuam a afetar nossos corpos, vidas e mentes de várias maneiras. A tragédia do uso de armas nucleares, que resultou em consequências desumanas, nunca deve se repetir”, afirmam na carta.

O Comitê do Nobel destaca a importância de reconhecer essas ações especialmente em um cenário no qual o desenvolvimento do poderio atômico levou a criação de armas com um poder de destruição muito maior daquele vivenciado em Hiroshima e Nagasaki. Segundo a Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN), organização vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2017, as bombas de 1945 são consideradas de baixa potência nos dias atuais. A ICAN afirma que muitas das armas nucleares modernas na Rússia e nos EUA são do tipo termonuclear e apresentam uma potência para destruição equivalente a, pelo menos, 100 quilotons de dinamite – um poder de destruição aproximadamente 7 vezes maior do que a bomba usada em Hiroshima. Mas, em seus testes nucleares, as superpotências já liberaram energias na ordem dos megatons, sendo que um megaton equivale a mil megatons. “As armas nucleares de hoje têm um poder destrutivo muito maior. Elas podem matar milhões e impactariam o clima de forma catastrófica. Uma guerra nuclear poderia destruir nossa civilização”, afirmou o Comitê do Nobel durante o anúncio.

“Um dia, os Hibakusha não estarão mais entre nós como testemunhas da história. Mas, com uma forte cultura de memória e compromisso contínuo, novas gerações no Japão estão levando adiante a experiência e a mensagem dessas testemunhas. Elas estão inspirando e educando pessoas ao redor do mundo. Dessa forma, estão ajudando a manter o tabu nuclear – uma condição essencial para um futuro pacífico da humanidade”, anunciou Frydnes no fim de sua fala.

No seu testamento, o fundador do prémio, Alfred Nobel que o mesmo deveria ser atribuído ao "maior ou melhor trabalho pela fraternidade entre as nações, pela abolição ou redução dos exércitos permanentes e pela realização e promoção de congressos de paz".

O vencedor do prémio recebe 1,1 milhão de dólares.

Na segunda-feira, 14, será anunciado o vencedor do último prémio Nobel de 2024, o da Economia.

Fontes

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[[Categoria:Mundo]] [[Categoria:Tecnologia]] [[Categoria:Ciência]] [[Categoria:Japão]] [[Categoria:Prêmio Nobel da Paz]]


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