Agência Brasil

Brasília • 4 de julho de 2012

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Vinte municípios do Agreste e Sertão pernambucanos vão receber, a partir de agosto, recursos e orientação técnica para fortalecer as políticas públicas voltadas para gestantes, mães e bebês. O apoio está previsto em um projeto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para a diminuição da mortalidade fetal e infantil e de mulheres grávidas.

Pernambuco tem conseguido reduzir significativamente a taxa de mortalidade infantil. Nos últimos cinco anos, o índice passou de 40 mortes entre mil crianças nascidas para 15,7 crianças mortas em cada mil nascidas. No caso dos municípios contemplados pelo projeto denominado Semana do Bebê, essa taxa ainda ultrapassa 25 mortes em cada mil nascidas.

Apesar da relação ainda elevada, Gary Sthal, representante do Unicef no Brasil, descarta que estes sejam os municípios com os piores indicadores sociais e de saúde do estado. "Todos os municípios têm populações mais ou menos vulneráveis. O que a Unicef prioriza são regiões onde as diferenças são mais evidenciadas. O trabalho é mais difícil, mas o retorno e benefícios são maiores", disse.

De acordo com a Unicef, uma ampliação do pré-natal pode reduzir a mortalidade dos recém-nascidos.
(Foto: Tom Adriaenssen)

A proposta é promover encontros com representantes dos governos municipais, sociedade civil e setor privado em eventos denominados Semana do Bebê. A expectativa é que, com os eventos, o Poder Público incorpore ao planejamento do município, ações práticas e integradas nas áreas de saúde, educação e assistência social voltadas para a primeira infância.

A ação que terá duração de três anos, também inclui campanhas para sensibilizar a população e o setor privado e palestras com consultores que vão capacitar profissionais de saúde, educação e assistência social. A fase experimental, em Pernambuco, foi garantida pela parceria com o grupo farmacêutico francês Sanofi que vai liberar recursos no valor de um milhão de reais.

"O apoio é parte do Programa Criança Saudável, Criança Feliz que tem a mesma proposta mas que não chegou a Pernambuco. Esta é nossa segunda parceria com o Unicef para promover a saúde infantil no país", declarou Fernando Sampaio, diretor-geral da Sanofi Farma. Há dez anos, o grupo financiou uma ação do Unicef que resultou na retirada de 46 mil crianças de lixões no país.

Jane Santos, coordenadora do escritório do Unicef em Pernambuco, reconhece os avanços conquistados pelo estado como resultados de políticas estruturantes. Segundo ela, o programa estadual Mãe Coruja, que beneficia 103 cidades pernambucanas, integra políticas de sete secretarias do governo. "Isso capacita as mães para a maternidade e cria oportunidades. Mas ainda assim, o estado tem desafios impressionantes", avalia.

A mortalidade neonatal ainda concentra elevados índices nos primeiros 28 dias de vida dos bebês. Quase metade dos casos ocorre nos primeiros sete dias depois do parto. "A melhor forma de evitar mortes é melhorar a cobertura do pré-natal que deve ser de, no mínimo, sete consultas. Em 54% dos casos no estado isso já ocorre", disse.

Além do mais amplo, Jane destaca que é preciso garantir qualidade no atendimento às gestantes. "Dessas mortes que acontecem, quase 21% poderiam ser evitados se o pré-natal fosse bom. Quase 20% poderiam ser evitados, se houvesse um bom cuidado com a mãe desde a gestação até o parto e 40%, se tivesse cuidado com o recém-nascido", estima a coordenadora do Unicef.

De acordo com Jane, os debates em torno das políticas para a primeira infância vão priorizar temas como o aleitamento e a gestação na adolescência.

Fontes