Agência VOA

23 de junho de 2008

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O líder da oposição do Zimbábue, Morgan Tsvangirai, decidiu não participar do segundo turno das eleições presidenciais, afirmando não querer legitimar a guerra desencadeada por Robert Mugabe contra o povo zimbabueano.

Robert Mugabe, em reunião na Etiópia, em 2008.

Morgan Tsvangirai afirmou que decidiu afastar-se das eleições presidenciais, marcadas para a próxima sexta-feira, devido ao aumento da violência e da intimidação contra os seus militantes: ”Nós, no MDC, decidimos que não vamos participar mais nesta farsa violenta de um processo eleitoral.”

Tsvangirai afirmou ainda que o presidente Robert Mugabe e o Partido Zanu-PF fizeram tudo o que puderam para desacreditar estas eleições. O candidato do MDC afirmou que muitas pessoas já morreram ou foram desalojadas. Acrescentou que a escolha para o povo zimbabueano era a de votar pela Zanu-PF ou a de morrer.

Tsvangirai venceu o primeiro turno das eleições, em 29 de março, mas, segundo a Comissão Eleitoral Zimbabueana, não conseguiu alcançar a maioria implicando, assim, no segundo turno das eleições presidenciais. O MDC venceu igualmente as eleições legislativas e autárquicas. A campanha no segundo turno foi marcada pela violência e intimidação, sobretudo no interior do país. Organizações de defesa dos direitos humanos afirmaram que morreram pelo menos 85 pessoas e que dezenas de milhares de outras ficaram desalojadas, na sua maior parte militantes e simpatizantes da oposição.

O líder da oposição decidiu não participar do segundo turno depois que seguidores de Robert Mugabe bloquearam o acesso ao local onde deveria decorrer o principal comício a campanha do MDC. Militantes armados envergando camisetas da Zanu-PF agrediram várias pessoas que tentavam aproximar-se do local do comício, perto de Harare. Observadores da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC, permaneceram nos seu hotéis e jornalistas, que tentavam chegar ao local do comício, foram alguns alvejados. Alguns eleitores de Tsvangirai declararam-se, entretanto, aliviados com o fato dele ter desistido. Outros afirmam que a campanha de violência de Mugabe vai prosseguir enquanto o MDC não desaparecer de vez. Entretanto, o governo de Harare já fez saber que o segundo turno vai realizar-se, salientando que a eleição provará o apoio dos zimbabueanos a Mugabe, que se encontra no poder desde a independência do Reino Unido, em 1980.

Missão brasileira

A missão de observadores brasileiros que partiria ontem (22) para acompanhar o segundo turno das eleições no Zimbábue suspendeu a viagem depois que o candidato da oposição, Morgan Tsvangirai, anunciou que desistiu de concorrer. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores, a missão foi suspensa até que se defina o quadro eleitoral no país.

Fontes