Agência VOA

Província de Malanje, Angola.

Empresa refuta as acusações.

29 de março de 2017

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

Os trabalhadores angolanos na Biocom (Companhia de Bioenergia de Angola Limitada) em funcionamento no município de Cacuso, em Malanje, queixam-se da política de trabalho vigente que valoriza exclusivamente os colegas expatriados.

A discrepância entre os salários pagos a um funcionário nacional e outro estrangeiro é um dos pontos de discórdia, como afirma à VOA o ex-operador de máquina de nível médio Edmar Félix Francisco.

“Eles não cumprem com o que dizem e não respeitam a mão-de-obra angolana, só valorizam os estrangeiros”, diz Francisco, justificando que “uma das motivações que me fez sair de lá é o salário, por exemplo, como técnico médio de máquinas e motores ganhava 30 mil kwanzas, as pessoas que não faziam nada como os brasileiros estavam acima de dois milhões/três milhões de kwanzas”.

Por outro lado, na Biocom existem empregados que continuam a receber salários na ordem dos 26 mil kwanzas.

As horas de trabalho são comparadas ao trabalho escravo, facto que, no entanto, é refutado pela gestão da empresa numa nota publicada na semana passada.

Edmar Félix Francisco recorda que “os expatriados (brasileiros) beneficiam de hotéis, têm carros e outras regalias”.

A alimentação servida no refeitório também é questionada e o serviço do posto médico limita-se a algumas análises clínicas, enquanto o trabalhador nacional tem de custear as despesas com os medicamentos.

O presidente da União dos Sindicatos de Malanje, António José, reconhece haver alguma arbitrariedade por parte da entidade empregadora, mas considera que ter sido ultrapassado o problema racial registado no passado.

“Vivemos antes um problema racial que foi muito forte e que procurou-se redimir, tivemos uma intervenção do governador no sentido de fazer jus a esta situação que era alarmante”, referiu José que critica e facto de “muitos expatriados, neste caso a trabalhar na Biocom pensam que os angolanos não têm cérebro, não! Os angolanos têm cérebro, pensam tal como muitos pensam, o facto de estarem afrente desta ou aquela área de trabalho não pressupõe dizer que os angolanos não tenham capacidade de gerir”.

O sindicalista António José lembrou que “Angola é um país independente, independente com os esforços e luta titânica dos filhos de Angola”.

Ele reitera que os salários dos funcionários angolanos são muito baixos, numa das principais industriais transformadoras do país.

Dos 2.100 empregados, 1.940 são angolanos.

Fontes