12 de fevereiro de 2008

link=mailto:?subject=The%20Guardian:"Chávez%20ligado%20ao%20narcotráfico"%20–%20Wikinotícias&body=The%20Guardian:"Chávez%20ligado%20ao%20narcotráfico":%0Ahttps://pt.wikinews.org/wiki/The_Guardian:%22Ch%C3%A1vez_ligado_ao_narcotr%C3%A1fico%22%0A%0ADe%20Wikinotícias Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

Uma reportagem do jornal britânico The Guardian alega que o governo do Presidente Hugo Chávez não só tem relações estreitas com a narcoguerrilha comunista das FARC, como o governo venezuelano ajuda no treinamento dos narcoguerrilheiros, oferece armas e proteção além de participar ativamente de operações de envio de drogas para a Europa e África.

A reportagem foi publicada na edição de Domingo de The Observer, em 3 de fevereiro de 2008, e depois colocada no website do The Guardian.

Segundo o autor da matéria, John Carlin: "Os vários testemunhos que ouvi revelam que a cooperação entre a Venezuela e as guerrilhas no transporte de cocaína por terra, ar e mar, é tão extensivo quanto sistemático. A Venezuela também está fornecendo armas para as guerrilhas além de oferecer-lhes a proteção das suas forças armadas, dando assim uma imunidade legal de facto enquanto elas continuam com seu gigante negócio ilegal".

As FARC estariam protegidas dentro do território venezuelano, ao mesmo tempo que as autoridades colombianas estariam proibidas de entrar na Venezuela em busca dos narcotraficantes, por causa de leis internacionais que regem as fronteiras nacionais entre os países.

Segundo a reportagem, 30% das 600 toneladas de cocaína contrabandeada da Colômbia anualmente sai pela Venezuela, e a maior parte da droga é despachada para a Europa, sendo que os principais portos ficam na Espanha e em Portugal. O transporte da cocaína até os portos venezuelanos receberia até escolta policial.

O jornal disse que a principal rota usada pelos traficantes é a aérea. "Aviões pequenos decolam de pistas clandestinas na selva e pousam em aeroportos venezuelanos. Então há duas opções, segundo fontes de inteligência. Ou os pequenos aviões continuam e voam para o Haiti ou República Dominicana (o governo dos EUA diz que desde 2006 seus radares detectaram um aumento de 3 para 15 vôos suspeitos por semana vindos da Venezuela), ou a cocaína é embarcada em grandes aviões que voam diretamente para países da África Ocidental tais como Guiné-Bissau ou Gana, de onde continua por mar até Portugal ou até a província espanhola Galiza, os pontos de entrada para a União Europeia...".

"A infra-estrutura que a Venezuela fornece para o negócio da cocaína expandiu dramaticamente nos últimos cinco anos da presidência de Hugo Chávez, de acordo com fontes de inteligência. A decisão de Chávez de expulsar a DEA do seu país em 2005 foi comemorada tanto pelas FARC quanto pelos barões do narcotráfico(...)", escreveu John Carlin.

Entre as pessoas entrevistadas pelo jornalista estão criminosos e desertores das FARC. Carlin disse que de acordo com Luis Hernando Gómez Bustamante, um bandido colombiano capturado pela polícia: " A Venezuela é o templo do tráfico".

Os desertores das FARC entrevistados pelo jornalista disseram que o governo venezuelano ofereceu proteção armada a pelo menos quatro campos dos guerrilheiros, dentro do território venezuelano. Nesses campos, as FARC fabricavam bombas e tinham programas de treinamento para uso das mesmas. Segundo o guerrilheiro conhecido como "Rafael", ele recebeu na Venezuela treinamento para participar de uma série de atentados a bomba contra a capital colombiana Bogotá. Ele ainda disse que "integrantes da Guarda Nacional da Venezuela forneceram-lhes granadas e lançadores de granadas, além de outros materiais explosivos".

A reportagem do The Guardian alega que o serviço de inteligência venezuelano se comunica com as FARC através de um de seus líderes conhecido como Iván Marques, que teria ainda uma fazenda na Venezuela.

Segundo o testemunho de outra pessoa que também já fez parte da guerrilha: "As FARC compartilham três princípios básico bolivarianos com Chávez: a unidade latino-americana, a luta anti-imperialista, e a soberania nacional. Essas posições ideológicas leva-os a convergir no terreno tático".

O jornalista disse que tentou entrar em contato com autoridades venezuelanas para ouvir a versão delas. Segundo o jornalista, as autoridades de maneira geral disseram que as alegações contra a Venezuela "fazem parte de uma campanha racista e colonialista". De acordo com o jornalista, nenhuma autoridade procurou negar a relação entre as FARC e o governo venezuelano, que defende a idéia de que o grupo armado colombiano não é terrorista.

Fontes