Agência Brasil

O ministro da Justiça, Tarso Genro, em 2008.
Créditos:Marcello Casal JR/ABr

Brasília, Distrito Federal, Brasil • 18 de agosto de 2009

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O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou hoje (18) que a discussão sobre a suposta interferência da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, nos trabalhos da Receita Federal é uma das “questões menores” de um debate eleitoral e só adquirem relevância porque “o país não tem algo mais sério para enfrentar”.

Para o ministro, a sugestão de uma acareação entre Lina e Dilma é “uma bobagem”. “Acareação se faz quando há algum delito, alguma coisa grave”, disse Tarso logo após participar da assinatura de um acordo de cooperação entre o ministério e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Eu conheço a Dilma há décadas e se ela diz que não falou algo eu tenho absoluta certeza de que ela não falou”, disse.

As declarações do ministro foram dadas logo depois da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, reafirmar à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado que se reuniu com Dilma no fim do ano passado, quando a ministra teria pedido para Lina “agilizar” a investigação sobre o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Embora tenha negado pressão para encerrar as investigações, Lina disse na CCJ ter interpretado que o pedido de Dilma tinha esse propósito. A ex-secretária não soube informar nem a data, nem o horário do suposto encontro, mas afirmou que a reunião ocorreu no Palácio do Planalto e durou poucos minutos. Lina negou qualquer vinculação política em suas declarações e confirmou não ter informado o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o assunto.

Para Tarso, mesmo que Dilma tenha dito a Lina para agilizar a investigação, não necessariamente estava querendo pressionar a ex-secretária. “Mesmo que ela [Dilma] falasse, seria perfeitamente natural entender [que a ministra queria dizer], 'olha, apressa a investigação que isso é importante para descobrirmos'. Porque entender que era um pedido de sufocamento?”, disse o ministro, classificando o episódio como uma “questão pequena”, tal como a eventual candidatura da senadora Marina Silva (PT-AC) à Presidência da República pelo Partido Verde.

Casos como esse da Lina Vieira são normais em uma democracia e já ocorreram antes. Agora, eu tenho o direito de ajuizar que isso não é uma agenda importante para o país. Assim como a eventual candidatura da Marina [Silva]. Eu a conheço há quase 30 anos, [considero-a] uma pessoa especial e estou assinando um documento para que ela permaneça no partido, mas se ela se dirigir para uma candidatura, tem que estar consciente de que criará um outro cenário político. Ela é suficientemente experiente para saber que 90% dos apoios que está recebendo são contingentes dentro deste processo eleitoral. Grande parte dos conservadores, dos neoliberais, dos oposicionistas, dos antiLulas apoiariam até mesmo o Abimael Guzmán, líder do Sendero Luminoso, contra o PT e contra o Lula.

—Tarso Genro

De acordo com Tarso, é “absolutamente normal” um ministro receber pedidos para que agilize o andamento de uma investigação. “Isso as vezes acontece. As pessoas chegam, encontram o ministro e dizem que há um inquérito em determinado lugar que está demorando demais. Eu então digo, bota no papel que eu aciono a corregedoria para ver se isso de fato está acontecendo. O fato de pessoas se comunicarem e perguntarem sobre algo que está em andamento é normal na função pública. Eu me admiro é que isso adquira relevância. Só pode ser porque o país não tem algo mais sério para enfrentar”, disse.

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