20 de fevereiro de 2005
Hoje, as eleições legislativas, em Portugal, ditaram uma modificação do panorama político nacional. O Partido Socialista (PS) deterá a maioria (absoluta) dos assentos da Assembleia da República, durante a Xª legislatura.
Realizadas após uma dissolução da Assembleia da República que, há cerca de dois meses, pôs termo à IXª legislatura, as eleições realizadas hoje em Portugal caracterizaram-se por uma esmagadora subida da esquerda, e pela construção de um cenário completamente novo no sistema democrático representativo português.
Quatro foram os fenómenos verificados nestas eleições legislativas.
Em primeiro lugar, verificou-se uma acentuada descida dos partidos de direita que faziam parte do governo de coligação existente antes das eleições. A soma do número de deputados dos dois partidos de direita com acento parlamentar era, antes da eleições, 119, mas nas eleições de hoje estes dois partidos elegeram apenas 85 deputados, o que resulta numa perda de 34 acentos.
Em segundo lugar, o PS conseguiu, pela primeira vez na sua história, uma maioria absoluta monopartidária. O primeiro-ministro, a ser indigitado nos próximos dias, deverá ser José Socrates, o actual secretário-geral do PS, pertencente a uma das alas mais à direita do partido. Embora os restantes partidos de esquerda tenham apelado aos eleitores para evitarem a maioria absoluta do PS, alegando que este a pedia apenas para poder governar o país sem fazer qualquer cedência, os resultados assim determinam.
Em terceiro lugar, a recuperação de dois deputados por parte da Coligação Democrática Unitária (CDU), composta pelo Partido Comunista Português (PCP) e pelo Partido Ecologista "Os Verdes". A coligação conseguiu eleger 14 deputados.
Finalmente, e em quarto lugar, a subida do Bloco de Esquerda, que quase triplicou o número de deputados que detinha anteriormente. A subida de 3 para 8 deputados determinou a concretização do principal objectivo eleitoral deste partido, definido pelo seu dirigente, Francisco Louçã.
Consequências imediatas do resultados das eleições já foram verificadas, com a demissão de Paulo Portas, presidente do partido menos influente da coligação de governo. O presidente do outro partido da coligação de governo anunciou a convocação de um congresso extraordinário no seu partido.