10 de setembro de 2024
Os impactos da obra do compositor carioca Heitor Villa-Lobos (1887-1959) não só na música, mas também na cultura brasileira serão debatidos por especialistas durante a 8ª edição do Simpósio Villa-Lobos, que acontece nesta quinta e sexta-feira, dias 12 e 13, na Casa de Cultura Japonesa, na Cidade Universitária, em São Paulo. Nos dois dias do evento serão realizados concertos, palestras e mesas-redondas (leia aqui a programação completa do simpósio). A entrada é grátis.
“Villa Lobos foi um dos principais responsáveis pela renovação e pela afirmação de uma identidade da cultura brasileira”, afirma o professor Paulo de Tarso Salles, docente da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e coordenador do grupo de pesquisa Perspectivas Analíticas para a Música de Villa-Lobos (Pamvilla), que organiza o evento. “Ele se integra a outros artistas do Modernismo, como Candido Portinari, Tarsila do Amaral, Mário de Andrade e Oswald Andrade, que faziam o mesmo em seus respectivos campos de atuação, como a literatura, a pintura e a escultura”, completa Salles.
A programação do evento vai enfatizar justamente a influência de Villa-Lobos nas diferentes artes. No dia 12, às 11 horas, por exemplo, uma mesa-redonda vai reunir a jornalista Camila Fresca – doutora em Musicologia pela ECA -, o ator Roderick Himero e o diretor Felipe Botelho, do Teatro Oficina, para tratar da peça Rasga Coração, que reorquestra os Choros compostos por Villa-Lobos nos anos 1920.
A programação do evento vai enfatizar justamente a influência de Villa-Lobos nas diferentes artes. No dia 12, às 11 horas, por exemplo, uma mesa-redonda vai reunir a jornalista Camila Fresca – doutora em Musicologia pela ECA -, o ator Roderick Himero e o diretor Felipe Botelho, do Teatro Oficina, para tratar da peça Rasga Coração, que reorquestra os Choros compostos por Villa-Lobos nos anos 1920.
No mesmo dia, às 15h30, será exibido o documentário Villa-Lobos em Paris (2023) na presença de seus diretores Alexandre Guerra e Marcelo Machado, também com a participação de Camila Fresca. A produção remonta ao período em que o compositor, em resposta às vaias que recebeu na Semana de Arte Moderna de 1922, se instalou na França. Ao lado de nomes como Jean Cocteau, Andrés Segovia e Arthur Rubinstein, Villa-Lobos pôde pensar suas raízes por novas perspectivas. “No tocante à música, Villa-Lobos foi uma pessoa pioneira no sentido da valorização da cultura brasileira, trazendo elementos rítmicos e melódicos e até instrumentos usados na música popular, e principalmente por levar a percussão para a orquestra”, diz Salles.
Um concerto do conjunto Unicamp Cello Ensemble – formado por alunos do curso de Música da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e dirigido pelo maestro Lars Hoefs – vai encerrar o primeiro dia de atividades do simpósio, às 20 horas. O repertório do concerto inclui as Bachianas Brasileiras nº 1, de Villa-Lobos, e seis canções de João Bosco, com arranjo de Ivenise Nitchepurenco. Além de professor da Unicamp, Lars Hoefs é “um dos principais intérpretes de Villa-Lobos no mundo” e tem uma “atividade fantástica” dedicada à obra do compositor para violoncelo, como acentua Salles. “O violoncelo é um instrumento que o próprio Villa-Lobos tocava. Ele escreveu muitas músicas para esse instrumento e particularmente valorizou essa formação, orquestra de violoncelos, com 8 a 40 instrumentos.”
Três palestras serão realizadas no segundo dia do simpósio, dia 13. Às 11h30, o musicólogo e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Kater falará sobre Encontros com Villa-Lobos, um e-book com 665 páginas que Kater publicou neste ano, contendo entrevistas realizadas por ele nos anos 80 com personalidades da música que conviveram com Villa-Lobos, como Camargo Guarnieri, Eleazar de Carvalho, Magdalena Tagliaferro e Olivier Toni. Às 14 horas, a pianista e professora da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) Mauren Frey abordará o tema “Elementos composicionais da obra instrumental de Vieira Brandão e sua proximidade com Villa-Lobos”. Já às 17 horas, o maestro Ricardo Averbach, da Miami University, nos Estados Unidos, falará sobre o seu livro, Villa-Lobos and Modernism: The Apotheosis of Cannibal Music, lançado nos Estados Unidos em 2022.
Às 20 horas, o violonista e professor da ECA Edelton Gloeden fará o concerto de encerramento do simpósio. Ele tocará peças do CD que lançou recentemente, com todas as composições de Villa-Lobos para violão. O compositor é uma referência para os violonistas por ter contribuído para a consagração do instrumento, como explica Pedro de Tarso Salles: “Villa-Lobos adotou o violão como seu instrumento pessoal já na adolescência. Nesse período, sua família sofreu com a morte do seu pai, Raul, quando ele tinha 11 anos, e teve uma certa dificuldade para para sua própria subsistência”.
O professor lembra que, na adolescência, morando na periferia do Rio de Janeiro, Villa-Lobos conheceu os músicos populares. “Foi talvez o grande momento, do ponto de vista criativo, em que ele enxergou a cultura popular e participou dela como membro ativo, tocando na noite, nos grupos de choro e nas rodas de samba”, destaca Salles. “Ele escreveu uma obra dedicada ao violão que é revolucionária.”
Fontes
editar- ((pt)) Alícia Matsuda. Simpósio vai mostrar os impactos da obra de Villa-Lobos na cultura brasileira — Jornal da USP, 10 de setembro de 2024
Esta notícia é uma transcrição parcial ou total do Jornal da Universidade de São Paulo. Este texto pode ser utilizado desde que seja atribuído corretamente aos autores e ao sítio oficial. Veja os termos de uso (copyright) na página do Jornal da USP |