23 de março de 2021

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Diante das diferenças entre os cronogramas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Ministério da Saúde para entrega de vacinas a cada mês, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pediu, nesta terça-feira (23), esclarecimentos à presidente da fundação, Nísia Trindade Lima, durante sessão temática para discutir a produção de imunizantes contra a covid-19. 

Pandemia

Tanto no cronograma da Fiocruz quanto o plano de imunização do governo entregue ao Senado coincidem em março: 3,8 milhões de doses, mas, em abril o Ministério da Saúde informou que seriam 30 milhões contra 18 milhões anunciadas pela Fiocruz. Os números também divergem em maio: 25 milhões de doses segundo o governo e 21 milhões de acordo com a fundação. Já em junho, o ministério previa a entrega de 25 milhões de doses. A Fiocruz tem uma estimativa maior: 34 milhões. Em julho, o cronograma do governo prevê 16 milhões de doses, e da Fiocruz, 21 milhões.

— Então, eu queria apenas identificar e saber o motivo da diferença da informação da Fiocruz com a informação do ministério e, uma outra dúvida também: por que há tantas variações de um mês para o outro? Por que não é uma escala uniforme de produção e por que, por exemplo, pula para 18 milhões em abril, para 21 milhões em maio, depois para 34 milhões em junho e depois volta para 21 milhões em julho? Qual o motivo dessa variação? — questionou Rodrigo Pacheco. 

Segundo a Fiocruz, a demora da chegada de lotes do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) — matéria-prima para fabricação da vacina — e outros fatores técnicos, como o prazo para testes e outros contratempos, classificados por ela como “normais” no processo de produção de vacinas levaram a projeções diferentes. Contudo, Nísia Lima manteve a estimativa de entrega de cerca 100 milhões de doses da vacina da Oxford/AstraZeneca, número que inclui a produção no Brasil e a importação. 

— O que aconteceu é que foi uma projeção, um cálculo de entrega de um milhão de doses/dia, só que chegar a esse patamar esbarrou em algumas questões. Primeiro, há um processo para isso, esse início sempre requer alguns ajustes. Também, além disso, essa discrepância que o senhor sinalizou tem a ver com o seguinte: com a chegada do IFA, esse é um ponto — então, em todas as projeções, ele vem por etapas. Além disso, cada lote de vacina fabricado fica 20 dias em teste para avaliar sua estabilidade ou verificar se há alguma possibilidade de contaminação — detalhou a presidente da Fiocruz. 

Segundo Nísia, a Fiocruz está trabalhando muito perto da capacidade máxima, mas trabalha para acelerar as entregas. A fundação ainda trabalha com a expectativa de produção de uma vacina 100% nacional até setembro.

— Essas entregas já começaram. A partir da próxima semana, elas serão feitas duas vezes por semana. As primeiras entregas foram semanais, crescendo em maio e em junho, com uma entrega maior de 34,2 milhões de doses, completando, então, as 100,4 milhões de doses em julho — disse.

Sobre as vacinas, Nísia Trindade sustentou que pesquisas evidenciam a alta eficácia dos imunizantes e ressaltou que não não houve nenhuma detecção de aumento de risco de trombose.

Além da Fiocruz, senadores convidaram para a reunião representantes de laboratórios brasileiros e estrangeiros, além de empresas farmacêuticas. Durante a sessão, Rodrigo Pacheco também questionou o prazo firmado entre o governo federal e a Janssen para entrega das 38 milhões de doses do imunizante da farmacêutica. Em resposta, o representante da empresa no Brasl, Ronaldo Pires, afirmou que o contrato prevê apenas a entrega até o final do ano, sem uma data específica. 

— O cronograma hoje é para o final do ano, mas trabalhamos para antecipar — apontou o diretor de assuntos governamentais da Janssen no Brasil.

Fontes