Brasil • 27 de outubro de 2005
O Senador Geraldo Mesquita Júnior anunciou ontem (26) a sua desfiliação do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Mesquita Júnior foi acusado por um ex-funcionário de recolher todo mês 40% dos salários dos servidores de seu gabinete de Brasília, segundo o Jornal do Brasil.
A denúncia
Paulo dos Santos Freire, que trabalhou para Mesquita Júnior, alega que foi demitido em janeiro por ter reclamado do desconto de R$ 410,00 por mês do salário.
Santos gravou conversas telefônicas que teve com a assistente do senador, Maria das Dores Siqueira da Silva, mais conhecida como Dóris. Nas conversas ele diz que está a passar por dificuldades financeiras e solicita a devolução de um total de R$ 5 mil, que afirma ter sido descontado de seu salário enquanto trabalhava para o senador. Santos pede à assistente para que ela arrume uma maneira de devolver pelo menos parte do dinheiro.
A assistente Dóris fala em fazer o que puder para ajudar, e lembra Paulo que ele, quando aceitou trabalhar para Geraldo Mesquita Júnior, concordara em doar parte do salário.
O Senador Geraldo Mesquita Júnior (PSOL - AC) disse que havia o desconto na folha de pagamento dos funcionários, porém alegou que isto era uma "solidariedade militante", tendo em vista que ele não tem outras fontes de financiamento.
Mesquita Júnior anuncia desfiliação
O Senador Geraldo Mesquita Júnior anunciou durante um discurso no plenário do Senado Federal nesta quarta-feira (26) que desfiliou-se do PSOL.
Segundo ele a decisão foi necessária para evitar constrangimentos ao partido por causa da denúncia publicada nos jornais.
O senador afirmou que não pretende se filiar a outro partido político. Ele disse que trabalhará pelo PSOL, junto à militância, dentro do limite de suas possibilidades. Mesquita Júnior levantou a possibilidade de voltar ao partido após o final das investigações.
A Senadora Heloísa Helena subiu ao plenário e defendeu o companheiro de legenda. Ela disse que a saída de Mesquita Júnior foi necessária porque "não pode pairar nenhuma dúvida sobre o PSOL". Heloísa Helena declarou: "Não que nós sejamos o santuário da ética, mas, diante de tanta traição por parte daqueles que simbolizavam a esperança, não temos o direito de permitir que paire alguma dúvida sobre algum de nossos membros".
Heloísa Helena disse que Geraldo Mesquita Júnior irá se submeter ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e que o partido espera que tudo seja esclarecido.
Durante discurso realizado sexta-feira passada (21) no plenário a senadora disse: "Doar dinheiro a uma estrutura partidária é uma coisa completamente diferente e não tem relação com mensalão. Eu estou dando mais de 70% para a construção do meu Partido, que será um instrumento de luta para a classe trabalhadora. Ninguém está-me extorquindo, ninguém está exigindo que eu dê 70% do meu salário para contribuir com o PSOL".
Áudio
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Página externa
Fontes
- Mesquita Júnior anuncia saída do PSOL — Agência Senado (Brasil), 26 de outubro de 2005
- Heloísa Helena diz que sobre o PSOL não pode pairar nenhuma dúvida — Agência Senado (Brasil), 26 de outubro de 2005
- Mesquita confirma acordo — Jornal do Brasil, 21 de outubro de 2005
- Hugo Marques e Sérgio Pardellas. Senador do P-Sol adota o dízimo [inativa] — Jornal do Brasil, 21 de outubro de 2005. Página visitada em 27 de outubro de 2005
. Arquivada em 21 de dezembro de 2005
- Os diálogo entre os assessores — Jornal do Brasil, 21 de outubro de 2005