17 de maio de 2021
A presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), senadora Kátia Abreu (PP-TO), defendeu nesta segunda-feira (17) a ida de uma comitiva brasileira a Pequim para negociar a compra de uma vacina contra o coronavírus produzida pela farmacêutica estatal chinesa Sinopharm. Segundo a parlamentar, embora já conte com autorização para venda concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o imunizante não tem sido privilegiado em compras realizadas pelo governo brasileiro. Os entraves para a aquisição de vacinas foram tema de uma audiência pública remota realizada pela Comissão Temporária da Covid-19 (CTCOVID19).
De acordo com Kátia Abreu, a produção das vacinas Coronavac e AstraZeneca depende da importação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) produzido por empresas privadas. Ela avalia que a Sinopharm “com certeza poderá ter IFA sobrando” para a fabricação de novos imunizantes no Brasil.
A presidente da CRE sugere que comitiva seja formada por senadores e representantes do Ministério da Saúde, da Anvisa e de laboratórios privados que produzem vacinas contra a febre aftosa. Kátia Abreu defende que essas fábricas, originalmente voltadas para a produção de imunizante animal, sejam adaptadas para elaborar a vacina da estatal chinesa.
— Sobre essa empresa pública, a Embaixada da China no Brasil e próprio governo chinês têm mais ascendência. Minha ideia é o Brasil se transformar num hub de produção de vacinas. Um grande sítio da Sinopharm para fornecer vacinas a toda a América Latina, Caribe e África — disse.
O relator da comissão temporária, senador Wellington Fagundes (PL-MT), defendeu a iniciativa.
— Vamos precisar de vacinas não só para este momento. Temos novas cepas chegando. Temos que fabricar vacina porque o Brasil pode ser a solução para os brasileiros e para parte do mundo. Só na área veterinária são 22 laboratórios. Essas indústrias de saúde animal têm capacidade de produzir 100% do IFA aqui no Brasil — afirmou.
Durante a audiência pública, Katia Abreu criticou a postura do governo brasileiro em relação à vacina Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac. Segundo ela, as “declarações horríveis” do presidente Jair Bolsonaro dificultam a importação do IFA pelo Instituto Butantan, que produz o imunizante no Brasil.
— A disputa pelo IFA é grande. Está faltando IFA na China. Mas os ataques que têm sido feitos pelo presidente e alguns outros poucos membros do governo atrapalham o trabalho do embaixador chinês no Brasil. Se ele [Jair Bolsonaro] não acredita na vacina, não é a opinião geral do país. O país quer a vacina. Os brasileiros querem se vacinar. Não atrapalhe nosso trabalho para conseguir a vinda das vacinas — disse.
O diretor do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania do Ministério das Relações Exteriores, João Lucas Quental Novaes de Almeida, minimizou o efeito das críticas do presidente sobre a importação de IFA.
— A Embaixada da China em Brasília tem afirmado que 80% de toda a exportação de IFA daquele país teve como destino o Brasil. Entre IFAs e vacinas, o Brasil foi o segundo maior destino de exportação no ano passado. Neste ano, que não estamos importando vacinas, somos o terceiro. Mas certamente chegaremos a primeiro ao final do ano se as tendências atuais permanecerem — previu.
Fontes
- Senado pode analisar envio de comitiva à China para negociar vacina anticovid — Senado Federal do Brasil, 17 de maio de 2021
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