Brasil • 29 de dezembro de 2014
Sede do maior torneio esportivo do planeta, o Brasil foi elogiado por turistas das mais variadas nacionalidades que estiveram no país para acompanhar a Copa do Mundo. Termos como a “melhor da história [das Copas]” foram bastante usados por torcedores entrevistados pela Agência Brasil. Apesar disso, o evento teve problemas como o preço das passagens do transporte coletivo, além dos custos dos hotéis. Outro problema citado foi o pouco treinamento dos prestadores de serviços no que diz respeito ao aprendizado da língua inglesa.
O irlandês Daniel Sheahan, que aos 55 anos, que acompanhou oito copas, destacou que “essa foi a melhor de todas”. “Não que tudo estivesse perfeito. Em todas as copas às quais fui, houve algum tipo de problema, como preços altos, dificuldades com transporte ou roubos.”
Ele disse que já teve a mochila roubada em duas edições do torneio. A primeira foi na Copa da França, quando duas pessoas roubaram sua mochila e fugiram em uma moto. A segunda, nos Estados Unidos, quando, em um momento de distração, teve a mochila roubada, com passaporte, traveler's checks, roupas e dinheiro.
Segundo o irlândes, o brasileiro demonstrou “grande vontade de tornar tudo especial”. Para ele, isso não aconteceu na Copa da Alemanha. “Apesar de muito educados, os alemães costumam ser frios na relação com turistas”, destacou. Sheahan também criticou o evento promovido na África do Sul, com as “insuportáveis vuvuzelas que espalhavam saliva por todo o estádio, pouco se importando com o fato de a incidência de tuberculose ser alta naquele país”.
Dirigente do Barcelona de Guayaquil, no Equador, Carlos Rodríguez disse que a Copa do Mundo do Brasil foi superior “tanto dentro como fora de campo”. “Uma coisa que me chama a atenção é o fato de ela ser totalmente diferente do que vinha sendo mostrado pela imprensa. O Brasil é 100% no que se refere a receber turistas. Tudo é perfeito: a hospitalidade, a estrutura”, ressaltou Rodríguez.
A Copa de 2014 foi a quarta que o suíço Domenique Brenner, de 40 anos, acompanhou. Ele não perde o evento desde 1998. Na avaliação dele, “a organização do evento é sempre bastante similar, porque envolve a mesma estrutura, que é a estrutura da Fifa”. Brenner e outros suíços reclamaram, no entanto, dos preços de produtos e serviços nas cidades-sede.
Outro suíço, Denis Rapin, 47 anos, avalia que nem tudo é tão caro, levando em consideração o fato de que se trata de uma Copa do Mundo. “Quem cobra caro aqui é a Fifa. Principalmente nos estádios”, disse ele em meio a elogios aos brasileiros. “A receptividade e a amabilidade dos brasileiros realmente impressionam. Todos muito amigáveis, desde o taxista até os profissionais da área de turismo”.
Impressão parecida teve o equatoriano José Bastidas, de 31 anos. “Não é apenas a vontade dos brasileiros de ajudar os turistas. Aqui há muito mais festas e uma comunicação mais fácil, até pelas semelhanças com outras línguas”, disse ele.
Aos 34 anos, Andre Urech teve a oportunidade de, pela primeira vez, visitar o Brasil. Foi a segunda vez seguida que acompanhou o torneio de futebol. A primeira foi na África do Sul, em 2010. “Está tudo tão bom que já decidimos: voltaremos o quanto antes ao Brasil”, disse ele ao lado da companheira de viagem Ramona Rüegg, que também foi à Copa de 2010.
O publicitário colombiano Héctor Greco, de 33 anos, foi surpreendido positivamente. “Esperava muito menos”, disse ele, apesar de algumas críticas à infraestrutura do país e aos preços cobrados para hospedagem. “As passagens de avião são caras, é difícil ir de ônibus [devido à grande distância entre as cidades-sede] e infelizmente não há uma cultura de transporte de passageiros por meio de trens no Brasil”.
Mesmo sem que seu país tivesse se classificado para a Copa, Jan Kolin, da República Checa, quis vir ao Brasil para acompanhar o evento em um país de tradição no futebol. A maior dificuldade pela qual passou foi relacionada à comunicação. “Poucos por aqui falam inglês”, lamentou.
As avaliações dos turistas em relação à Copa no Brasil podem ser confirmadas por meio de diversas pesquisas. Entre elas, uma feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), na qual foram ouvidos 6.627 turistas em 12 aeroportos e dez fronteiras terrestres. Segundo ela, dos turistas que estiveram no Brasil para assistir aos jogos, 61% visitaram o país pela primeira vez e 92,3% tinham a Copa como principal motivo da viagem.
Para 83% dos turistas entrevistados, o Brasil atendeu "plenamente" ou "superou expectativas" e 95% disseram ter a intenção de retornar ao país. Entre as melhores avaliações dos turistas internacionais está a hospitalidade do brasileiro, citada por 98,1% dos entrevistados. A gastronomia foi citada positivamente por 93,1% deles; a segurança pública por 92% e os serviços de informações turísticas por 90%. Também foram bem avaliados os sistemas de transporte público, por 89,2% dos turistas vindos do exterior; as sinalizações turísticas citadas por 81,2% deles; e os aeroportos, por 80% dos entrevistados.
Uma pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV), sob encomenda do Ministério do Turismo, ouviu 6.038 brasileiros nas proximidades dos estádios, nos aeroportos, pontos turísticos, nas rodoviárias e nas Fan Fests. De acordo com a FGV, 67% desses turistas visitaram as cidades-sedes pela primeira vez, por causa da Copa do Mundo.
Segundo a pesquisa, dos mais de 3 milhões de brasileiros que visitaram as cidades-sede durante a Copa, 90,5% elogiaram o atendimento e a receptividade das pessoas. As opções de lazer e turismo foram elogiadas por 87,2% das pessoas, enquanto a segurança foi avaliada positivamente por 83,8%. Os aeroportos foram avaliados positivamente por 81% dos entrevistados, enquanto as hospedagens foram aprovadas por 80,6%. Já os serviços de informações turísticas foram bem avaliados por 77,2%.
Fontes
- ((pt)) Pedro Peduzzi. Sem conquistar título, Brasil recebe elogios pela organização da Copa — Agência Brasil, 29 de dezembro de 2014
A versão original, ou partes dela, foram extraídas da Agência Brasil, sob a licença CC BY 3.0 BR. |
Esta página está arquivada e não é mais editável. |