21 de julho de 2006

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Em Nova Iorque, na última quinta-feira (21), o Secretário-Geral das Nações Unidas Kofi Annan pediu para que Israel e Hizbollah acabem com as hostilidades de lado a lado e cessem o conflito armado[1].

Porém, segundo ele, a missão enviada à região para negociar o cessar-fogo concluiu que isto será difícil, pelo menos a curto prazo: "Por enquanto, as condições para a manutenção da paz claramente não existem. Deixem-me ser franco com o Conselho. A conclusão da missão é que há sérios obstáculos para se alcançar um cessar-fogo, ou até mesmo diminuir a violência rapidamente".

Annan ao falar perante o Conselho de Segurança, criticou duramente os dois lados pela crise e pediu um cessar-fogo: "Tanto o ataque deliberado do Hizbollah com centenas de armas contra centros populacionais de Israel e o uso de força desproporcional e punição coletiva da população libanesa devem parar".

O secretário-geral disse que o Hizbollah foi o responsável pelo início do conflito e inocentou o governo libanês: "O ataque de provocação do Hizbollah em 13 de julho foi o estopim desta crise. Está claro que o governo libanês não tinha conhecimento prévio deste ataque".

Kofi Annan disse que o Hizbollah colocou toda uma nação na condição de refém e que as ações do grupo prejudicam as tentativas de levar a paz para a região:

"Qualquer que seja a agenda defendida por eles, as ações do Hizbollah, que se diz que é para defender os interesses dos palestinos e dos libaneses, na verdade, não servem a isso. Pelo contrário, eles mantêm uma nação inteira como refém, e jogam para trás as perspectivas de negociação de uma paz abrangente para o Oriente Médio."

Annan pediu para que tanto Israel quanto o Hizbollah permitam a ajuda aos civis pegos no fogo cruzado: "Eu repito: as hostilidades devem parar. Mas ainda que continuem, é imperativo criar corredores seguros para que voluntários e comboios de suprimentos possam alcançar a população civil".

O secretário-geral lembrou o direito de Israel à autodefesa:

"Eu já condenei antes os ataques do Hizbollah contra Israel, e reconheci o direito de Israel se defender segundo o Artigo 51 da Carta das Nações Unidas[1]. Faço isso novamente".

Porém, Annan disse que apesar de Israel ter o direito de se defender e de as ações do Hizbollah serem deploráveis, o "excessivo uso da força deve ser condenado". O secretário-geral afirmou que apesar de os israelenses desejarem destruir a infra-estrutura do Hizbollah, eles estão deixando o Líbano "em ruínas" - citando as palavras do Primeiro-Ministro libanês Fuad Siniora, que, segundo Annan, também disse: "nenhum governo pode sobreviver nas ruínas de uma nação".

Kofi Annan declarou que o relatório da missão das Nações Unidas concluiu que a ofensiva israelense não será capaz de diminuir o apoio popular do Hizbollah no Líbano e na região, mas que ela servirá para enfraquecer o governo libanês.

Apesar de não ter relação direta com o conflito recente, o secretário-geral pediu ainda para que seja estudada uma proposta de paz para a Faixa de Gaza: "Também precisamos de uma proposta de paz para Gaza - apesar de as questões implicadas serem diferentes- da mesma forma como fazemos para o Líbano".

Kofi Anan também sugeriu a criação de uma conferência internacional sobre como implementar normas para o Conselho de Segurança.

Fontes

  1. 1

Artigo 51 - Nada na presente Carta prejudicará o direito inerente da autodefesa individual ou coletiva se um ataque armado ocorrer contra um Membro das Nações Unidas, até que o Conselho de Segurança tenha tomado medidas necessárias para manter a paz internacional e a segurança. As medidas tomadas por Membros no exercício deste direito da autodefesa serão imediatamente informadas ao Conselho de Segurança e não devem de nenhum modo afetar a autoridade e a responsabilidade do Conselho de Segurança perante a presente Carta para tomar em qualquer momento tal ação que ele considera necessária para manter ou restaurar a paz e a segurança internacional.Fonte: Nações Unidas.

Nota: Atualizado em 10 de setembro de 2006 . Para maiores informações veja o histórico.