Brasil • 26 de fevereiro de 2015

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A cidade de São Paulo registrou 563 casos autóctones (doença contraída no município) de dengue nas seis primeiras semanas deste ano, número quase duas vezes e meia superior ao que foi registrado no mesmo período do ano passado, quando ocorreram 214 casos. Ainda não houve confirmação de óbitos, mas a morte de uma mulher no dia 28 de janeiro está sendo investigada. O balanço foi apresentado na tarde de hoje (26), na sede da prefeitura paulistana, pelo secretário adjunto de Saúde, Paulo Puccini.

Neste período, informou Puccini, 2.708 casos de dengue foram notificados em todo o município. No mesmo período do ano passado, foram notificados 1.440 casos: “Como era esperado, a ocorrência de dengue está mais intensa do que no ano passado”, disse o secretário, em entrevista coletiva. “As piores semanas ainda estão por vir. No ano passado, o pico foi na décima sexta semana. E esta é uma tradição no município de São Paulo. Mas este ano pode haver uma antecipação”.

A razão disso, segundo Puccini, é dupla: uma climática, pelo calor muito intenso, que favorece e intensifica a reprodução do mosquito; a outra é a falta d'água e seu armazenamento de forma inadequada, sem tampar adequadamente o recipiente “, disse o secretário. A maior incidência da doença é na zona norte da capital, principalmente na região do Jaraguá (com 92 casos registrados), seguindo-se Brasilândia (82 casos) e Limão (40 casos). De acordo com Puccini, o fato de a doença ser mais presente na zona norte pode ter sido provocado pela falta d'água. “Há uma coincidência [o fato de esta ser uma das regiões que mais tem sofrido com falta d'água no município]. Daí vem a hipótese de que isso [falta d'água] possa ter contribuído de forma significativa”, disse Puccini.

Ele informou que o fato está sendo estudado pela prefeitura. “Temos um estudo de campo, que devemos apresentar nos próximos dias, identificando e mapeando os lugares em que está ocorrendo a maior reprodução do mosquito. Em geral, são intradomiciliares, dentro das casas, com presença de reservatórios de água com larvas.”

De acordo com o secretário, para combater a dengue, a prefeitura tem feito ações de nebulização e prevenção. No entanto, é preciso que a população contribua, já que a maioria dos criadouros do mosquito está dentro de casa. “Armazenar água é um direito da população diante de um sofrimento que é a falta de água. Mas, seja qual for o recipiente em que for fazer isso, proteja-o, telando [colocando tela] ou tampando-o adequadamente”, recomendou Puccini.

Caso sejam identificadas larvas nesses recipientes, é preciso tirar toda a água e lavá-los porque, “às vezes, os ovos ficam colados nas paredes" do vasilhame. A prefeitura também pode ser notificada por meio do telefone 156. A estimativa da secretaria é que, até o fim deste ano, o município registre 90 mil casos de dengue, número bem superior ao do ano passado (28.995). “É muita dengue. É uma taxa de incidência elevada, mas não será, certamente, das maiores do país, nem do estado de São Paulo”, enfatizou o secretário.

Quanto ao vírus chikungunya, ele informou que nenhum caso autóctone da doença foi registrado em São Paulo, mas apenas quatro importados de países da América Latina. “Preocupa muito a possibilidade de ocorrência de chikungunya. É o mesmo mosquito que está circulando e falta ele picar uma pessoa com chikungunya para se habilitar a transmitir a doença. Esta é uma doença mais dolorida para a pessoa e pode se prolongar por seis meses ou mais. A gravidade é muito semelhante à da dengue, mas ela tem essa particularidade, que é uma dor prolongada, com grande sofrimento para a pessoa."

Fontes