Agência VOA

Srenii Akhtubinsk, Volgograd, Rússia • 3 de agosto de 2009

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. Na Rússia, um guineense de origem, de 37 anos de idade concorre as eleições municipais numa remota região, na parte central daquele pais. Joaquim Crima, um antigo estudante guineense, hoje cidadão russo a quem já foi atribuído o epíteto de "Obama de Volgograd" concorre a presidência da câmara daquela localidade, em eleições agendadas para outubro próximo.

A candidatura deste guineense, ganhou visibilidade nos últimos tempos, na Rússia, pela sua herança racial, tornando-se por conseguinte no quiçá primeiro cidadão russo, negro, de origem africana a concorrer para a presidência de uma municipalidade.

A candidatura de Crima surge numa altura em que a Russia é acusada de pouca tolerância racial. Números da Moscow Protestant Chaplaincy, um grupo dedicado à investigação dos crimes de natureza racial, revelam que pelo menos uma dúzia de imigrantes foram mortos no corrente ano e centenas de outros alvos de ataques, xenófobos, devido a sua origem racial.

Das instituições estatais russas, desconhecem-se para já dados estatísticos.

Joaquim Crima chegou à Rússia, nos últimos dias da extinta União Soviética, como estudante. Adquiriu mais tarde a cidadania russa e hoje vive praticamente da venda de melões, cultivados pelo seu sogro.

Este cidadão russo de origem guineense diz-se pronto a concorrer à presidência de do pequeno distrito Srenii Akhtubinsk, na região de Volgograd.

Crima entende estar no direito de servir a sua comunidade, apesar da sua origem, isto porque segundo ele, a Rússia é uma democracia.

Em antecipação as eleições de 11 de outubro, Joaquim Crima decidiu inclusive adoptar um nome russo, Vasily Ivanovic.

Funcionários da comissão eleitoral local, acreditam que Joaquim Crima, ou melhor Vasily Ivanovic terá pela frente uma difícil e árdua taref que provavelmente não será encarado com seriedade pelos eleitores.

Para os mesmos funcionários, se uma boa parte do eleitorado daquela localidade votar no Obama de Volgograd, fa-lo-ia não pela consistência da sua candidatura, mas como um gesto de protesto contra a decepção generalidade para com o sistema politico russo.

Alexander Verkohvski eh o presidente do Centro Sova para a Informação e Analise, com sede em Moscovo. Trata-se pois de uma organização vocacionada para a pesquisa da Xenofobia e do Nacionalismo, na Rússia.

Verkohvski diz que muitos eleitores russos, não estão habituados a ver candidatos da minoria imigrante do pais, concorrerem para cargos políticos.

"Trata-se de uma situação rara, a de uma pessoa de origem estrangeira tentar fazer isso," disse ele.

Mas para Joaquim Crima, para os guineenses… ou Vasily Ivanovic, para o eleitorado russo, pouco importa que os russos estejam ou não habituados a que minorias étnicas concorram para cargos políticos. O mais importante eh o facto da Rússia ser uma democracia e de lhe assistir o direito de se candidatar a cargos políticos.

Vasili Ivanovic promete por conseguinte ao eleitorado da região, mudar as coisas, para melhor.

Crima diz ter se interessado pela politica, já que apesar das múltiplas promessas eleitorais feitas nas eleições passadas, pouca ou quase nenhumas, foram cumpridas.

O Obama de Volgograd diz-se por outro lado preparado para as dificuldades, que um candidato oriundo da minorias faria necessariamente face na Russia.

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