20 de março de 2021
Uma missão do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) visitou os recentemente os campos onde se encontram acomodadas as vítimas do conflito na província moçambicana de Cabo Delgado e testemunhou a tendência de aumento do número de deslocados internos.
Cerca de 700 mil pessoas precisam de apoio na região, segundo Gillian Triggs e Raouf Mazou, da agência.
Gillian Triggs revelou que até agora apenas 39% das necessidades da província têm apoio da agência.
“Estima-se que no momento cerca de 700 mil pessoas estão deslocadas internamente nas províncias do norte de Moçambique, cerca de duas mil pessoas foram mortas devido a esta explosão da violência, mais de 50% dos afectados são crianças. Referir que quando estas pessoas deslocaram-se fugindo da violências muitas delas ficaram sem documentos e por isso privando-se de ter acesso à educação e outros serviços de que elas necessitam”, explicou Triggs
A missão constatou também que a situação humanitária na província de Cabo Delgado continua a deteriorar-se, devido à escalada do conflito, agravada por uma situação frágil de subdesenvolvimento crónico, choques climáticos consecutivos e surtos recorrentes de doenças.
Raouf Mazou afirmou que a resposta internacional ao pedido de apoio feito por Moçambique tem sido lenta.
“Muitos indivíduos que encontramos nos campos de deslocados estavam com fome esperando que o Governo e a comunidade deem mais apoios, por isso resolver o problema da fome é uma das situações urgentes, visto que muitas dizem estarem seguras nos acampamentos onde se encontram. Já foi lançado pelo Governo um apelo para o apoio internacional o que notamos é que a resposta tem sido muito lenta, e nesta altura apenas foi dada resposta a 10% do apelo”, revelou Raouf Mazou.
Refira-se que o ACNUR trabalha com a Universidade Católica de Moçambique no apoio 10 mil deslocados e seus anfitriões na obtenção de documentos na província de Cabo Delgado.
Fontes
- Representantes do ACNUR reconhecem situação dramática de deslocados em Moçambique — Voz da América, 20 de março de 2021
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