18 de junho de 2021
Em protesto contra fala do presidente Jair Bolsonaro em live na quinta-feira (17), a favor da "imunização de rebanho", o relator da CPI, Renan Calheiros, comunicou que preferia não fazer perguntas aos médicos presentes na CPI. No entender do senador, o Brasil tem falhado ao não se pautar exclusivamente na ciência no combate à covid-19.
— Quando chegamos a quase 500 mil mortes, tivemos ontem a continuidade criminosa da defesa da imunização de rebanho. Do desdém com a eficácia da vacina. Essa irresponsabilidade não pode continuar. Isso é a reiteração do crime. Um presidente da República não pode chegar a tamanha irresponsabilidade. Os brasileiros estão morrendo! Sabemos que ele tem pulsão por morte, mas ele precisa respeitar a memória de todos. O presidente da República continua a fazer o que sempre fez, dessa forma irresponsável, utilizando indevidamente as mídias sociais para induzir brasileiros à morte, com mentiras, com falsidades. Jamais esperávamos chegar no Brasil a tamanha irresponsabilidade! — frisou Renan, que se retirou dos trabalhos em seguida.
A saída do relator causou revolta nos senadores governistas. Para Eduardo Girão, a retirada teria explicitado que o relator já tem posição predefinida.
— Desde o início da CPI, o relator está o tempo inteiro fazendo perguntas. Agora ele abandona a CPI, vai embora, porque realmente parece que não interessa a busca pela verdade, apenas uma parte da verdade. A gente tem dito isso desde o começo da CPI. Hoje está claro, está explícito para o Brasil inteiro isso — reclamou.
Marcos Rogério foi outro que criticou a saída de Renan:
— O que ficou evidente aqui é que o relator já tem uma sentença debaixo do braço. Se alguém tinha dúvida, hoje está evidente. Lamentável isso, lamentável.
- Destituição do relator
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) cobrou dos membros da CPI da Pandemia uma discussão sobre a destituição do relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL). Para ele, o gesto de retirar-se da sala de audiência, deixando de ouvir os convidados, mostra que Renan não atende ao requisito básico de respeito ao contraditório e orienta-se por uma opinião pré-concebida.
— Essa postura de se levantar da CPI foi um desrespeito não só às pessoas que estão aí hoje para falar, mas a todos os membros da CPI e um desrespeito ao Senado Federal. Uma postura dessas é reprovável.
Flávio Bolsonaro também questionou a legalidade da participação de Renan na comissão de inquérito: o filho do relator, conforme acrescentou, é governador de Alagoas e poderia ser alvo de investigação.
Fontes
- Médicos defendem 'tratamento precoce' e cloroquina na CPI da Pandemia — Senado Federal do Brasil, 18 de junho de 2021
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