Agência VOA

Angola • 31 de outubro de 2014

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"Queremos ser reintegrados nas Forças Armadas", é o apelo de Martinho Ngola dirigente de uma organização denominada Forças Armadas Estratégicas de Defesa de Angola (FASEDA) e que diz representar mais de 10 mil militares “esquecidos” pelo processo de paz.

Ngola confirmou no programa Angola Fala Só, da VOA, que foi preso, juntamente com vários outros membros da organização em 2007, por uso indevido de uniformes e porte de armas e passou quatro anos na prisão.

Na altura da sua detenção, uma porta voz da polícia disse que Ngola “não pertence às Forças Armadas”.

Martinho Ngola disse que durante os quatro anos que passou na prisão foi visitado pelo General José Maria que lhe pediu “paciência” e que afirmou o seu caso e dos seus seguidores seria resolvido.

Apesar do envio de dezenas de cartas às autoridades, os seus pedidos não tiveram qualquer resposta.

Interrogado pelos ouvintes da VOA, Martinho Ngola, que diz ser general, disse que tinha iniciado a sua carreira militar na ELNA, o braço armado da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) tendo sido feito prisioneiro por tropas cubanas no Uíge durante o inicio da guerra civil.

Mais tarde fez parte do exercito do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e foi preso após a revolta de Maio de 1977 liderada por Nito Alves, afirmou.

Ngola contou ainda que juntou-se à União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e quando os acordos de paz foram assinados em 1992 encontrava-se estacionado numa base na Republica Democrática do Congo como parte de uma reserva estratégica.

Ngola disse, contudo, que a UNITA diz agora que “não nos conhece”.

Apesar da sua organização ter o nome de FASEDA dos comandos Bufálos ACB2, Martino Ngola disse que a sua organização nada tem a ver com o famoso Batalhão Búfalo do Exército sul-africano que era composto por angolanos.

Ngola disse ainda ser o dirigente de um partido, o Partido de Unidade do Povo de Angola, PUPA, que contudo não foi legalizado e que permanece dormente.

Isto porque, segundo disse, militares “não se podem envolver em política”.

O partido irá iniciar as suas actividades logo que a situação desses militares for resolvida e muitos forem desmobilizados podendo assim entrar na política, disse Ngola, afirmando estar confiante que nesse caso o seu partido “tem um programa paa poder contribuir”.

Martinho Ngola disse apoiar a realização de eleições autárquicas.

Ngola disse que todos os membros da sua organização, que disse serem 10.391, votam no MPLA e preencheram mesmo pedidos para se juntarem oficialmente ao partido.

“Mesmo assim a DNIC continua a perseguir-nos e a acusar-nos de querermos fazer um golpe de Estado e nós não entendemos por quê”, disse.

Ngola disse que tem sido ele que tem impedido os membros da FASEDA de adoptarem a via de manifestações ou violência para fazerem valer as suas reivindicações, mas recusou-se a dizer o que poderá fazer caso de os seus pedidos continuarem a ser ignorados.

“Estamos a passar mal e pedimos que resolvam o nosso problema”, concluiu aquele antigo militar.

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