Brasil • 28 de dezembro de 2005

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Nesta terça-feira (27), em Brasília, o Presidente da empresa multinacional GTech no Brasil, Fernando Antonio de Castro Cardoso, disse para a Polícia Federal que Waldomiro Diniz e Rogério Buratti tentaram interferir nas negociações para a renovação do contrato entre a GTech e a Caixa Econômica Federal no início de 2003. Buratti foi secretário do actual Ministro da Fazenda Antonio Palocci quando este era prefeito de Ribeirão Preto e Diniz foi assessor de José Dirceu quando este era Ministro da Casa Civil.

Cardoso repete as acusações feitas na CPI dos Bingos por Marcelo Rovai e Antonio Carlos Lino da Rocha - respectivamente, ex-diretor e ex-presidente da GTech.

Em 1997, a GTech obteve contrato por meio de licitação para prestar serviços para a Caixa. A empresa é responsável pelo processamento de loterias para a Caixa. Os executivos acusam Waldomiro Diniz e Rogério Buratti de pedir suborno à empresa em troca da renovação do contrato com a Caixa, o que ocorreu em abril de 2003. Segundo Cardoso, a GTech não cedeu às pressões de suborno.

Leonardo Rolim, assessor da CPI dos Bingos acompanhou o depoimento do presidente da GTech na Polícia Federal. Para Rolim, o depoimento de Cardoso não trouxe nenhum dado novo importante além daqueles que são conhecidos pela CPI.

Rolim explicou que "de acordo com a GTech, Buratti teria pedido, inicialmente, entre R$ 15 e R$ 16 milhões, mas depois teria reduzido sua proposta para R$ 6 milhões".

Rogério Buratti, por sua vez, diz que foi a empresa quem o procurou oferecendo entre R$ 500 mil e R$ 16 milhões, para que ele trabalhasse pela renovação do contracto com a Caixa Econômica Federal.

Fernando Antonio de Castro Cardoso não participou da renovação do contrato com a Caixa pois só assumiu a presidência da GTech em outubro de 2003. Mesmo assim, pelo facto de ser presidente da empresa, a Polícia Federal decidiu ouvi-lo.

Rolim destacou que Cardoso declarou que entre o final de 2003 e o início de 2004, a GTech fez várias reuniões com a Caixa a fim de discutir seu envolvimento com outros produtos da instituição. De acordo com Rolim, isso é um indício de que a GTech "não era uma empresa que já estava para se desligar da instituição, mas, ao contrário, que poderia até ampliar suas atividades com a estatal", o que contraria as declarações feitas pela direcção da Caixa.

O Tribunal de Contas da União e o Ministério Público, apontam irregularidades desde a primeira licitação feita entre a GTech e a Caixa Econômica Federal.

Fontes