Brasil • 7 de novembro de 2005

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O Presidente dos Estados Unidos da América George W. Bush desembarcou sábado (5) à noite na Base Aérea de Brasília, após ter participado da 4ª Cúpula das Américas, em Mar del Plata, na Argentina. Bush encontrou-se com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e participou de um churrasco na residência oficial da Granja do Torto.

Fizeram parte da comitiva americana a primeira-dama Laura Bush, o assessor de Segurança Nacional, Stephen Hadley; a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e outros altos funcionários do governo.

Para garantir a segurança do encontro, o governo brasileiro e o americano montaram um grande esquema de segurança que incluiu helicópteros da Polícia Federal, cães farejadores, agentes do serviço secreto, esquadrão anti-bombas e contra armas químicas.

Bush e Lula discutiram as relações entre Brasil e Estados Unidos, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e a redução dos subsídios agrícolas norte-americanos.

Sobre os subsídios Lula disse: "Estamos levando esse mesmo espírito de parceria para as discussões comerciais multilaterais. A conclusão exitosa da Rodada de Doha, até o fim de 2006, é prioridade tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil. Coincidimos em que a redução e eventual eliminação dos subsídios agrícolas é a chave para o equilíbrio da Rodada".

Segundo a Agência Brasil o Presidente americano ouviu "alto e claro" o "recado" do Presidente brasileiro quanto aos subsídios agrícolas, e deu a entender que se empenhará em eliminar os entraves comerciais entre Brasil e EUA.

O Presidente George W. Bush fez uma palestra para empresários e políticos no hotel Blue Tree, em Brasília. Durante sua fala Bush disse que "os governos têm de ser fortes, ouvir os seus povos e não podem desperdiçar recursos" e que "os governos em todo o hemisfério têm que se livrar da corrupção". Bush também disse que a democracia é fundamental para se alcançar a justiça social.

A primeira-dama americana, Laura Bush visitou o museu Memorial Juscelino Kubitschek onde conheceu a coleção de do escritor inglês William Shakespeare que pertenceu ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, além de ver fotos e roupas do ex-presidente. Laura Bush conheceu a Biblioteca Demonstrativa de Brasília e participou de uma mesa redonda com professores de inglês. Crianças do Coral da Escola de Música de Brasília cantaram a canção "Aquarela do Brasil" para homenagear a visitante.

Protestos contra o Presidente americano, organizados por partidos e organizações de esquerda, entre eles Partido dos Trabalhadores, PSOL, CUT e MST, ocorreram nas proximidades da Granja do Torto e em outros locais da cidade.

Na filial da rede de lanchonetes McDonald's, em Brasília, manifestantes encapuzados e com máscaras exibiam faixas "Fora Bush". Uma bandeira dos EUA foi queimada na rua. Participaram do protesto: o Centro de Mídia Independente de Brasília, Coletivo de Solidariedade e Ação Zapatista, Coletivo de Resistência AnarcoPunk, Escola Livre de Filosofia, Grupo de Teatro Rosa Negra e Movimento Passe Livre.

Bush deixou o Brasil por volta das 18h de domingo (6) com destino ao Panamá.

Declaração à imprensa

Segundo a Agência Brasil os principais pontos da declaração conjunta do governo brasileiro e norte-americano foram os seguintes:

  1. Os presidentes enfatizaram a prioridade conferida por ambos os governos à reforma das Nações Unidas para torná-la mais eficiente e sintonizada com a realidade contemporânea. Concordaram em trabalhar juntos em temas como a reforma administrativa, bem como a criação do Conselho de Direitos Humanos e da Comissão para Construção da Paz. Sobre a reforma do Conselho de Segurança, que o Brasil vem trabalhando, a declaração diz que será estabelecida uma coordenação estreita sobre a questão.
  2. Os presidentes reafirmaram o compromisso de trabalhar a fim de garantir um resultado positivo na Conferência Ministerial da OMC, que será realizada em Hong Kong, em dezembro de 2005, bem como por uma conclusão bem sucedida da Rodada Doha até o fim de 2006. Segundo a declaração, o presidente Lula acolheu, com satisfação, o pronunciamento feito pelo presidente Bush na Reunião Plenária de Alto Nível das Nações Unidas em 2005, no qual se reafirmou que os Estados Unidos estão prontos para eliminar as tarifas, os subsídios e outras barreiras ao livre fluxo de bens e serviços, desde que outras nações procedam da mesma forma.
  3. Os presidentes observaram, com satisfação, o crescimento do comércio bilateral e do investimento entre os EUA e o Brasil e comprometeram-se a incentivar os setores público e privado de seus respectivos países a aumentar e diversificar os fluxos bilaterais de bens e serviços. Para tanto, manifestaram expectativa de incrementar substancialmente o comércio até 2010.
  4. Concordaram em reforçar a cooperação bilateral para combater o narcotráfico, o tráfico de animais silvestres, o terrorismo e a lavagem de dinheiro, com ênfase na troca de informações entre as unidades de inteligência financeira dos dois países e na definição de mecanismos para recuperação de ativos resultantes de ilícitos transnacionais.
  5. Os presidentes observaram a importância de prosseguir com os esforços para promover a liberalização do comércio, reafirmaram o compromisso com o processo da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), baseados no marco de Miami (referindo-se ao acordo entre Mercosul e Estados Unidos), e manifestaram a expectativa pela oportuna retomada das negociações. Notaram que a aproximação entre os países sul-americanos contribui para os objetivos de integração regional no âmbito latino-americano e das Américas como um todo.
  6. Na área de saúde, reconheceram a necessidade de estruturação do diálogo bilateral e indicaram o desejo de realizar ações conjuntas para combater o HIV/AIDS, a malária e a tuberculose, desenvolver estratégias para o tratamento de doenças não contagiosas e enfrentar a ameaça da gripe aviária.
  7. Os presidentes afirmaram o compromisso de assegurar que estabilidade política, democracia e desenvolvimento se estabeleçam de forma permanente no Haiti.
  8. Os presidentes observaram, com satisfação, as atividades dos Grupos de Trabalho sobre crescimento econômico, agricultura e energia, criados em junho de 2003. Comprometeram-se igualmente a intensificar os diálogos e a cooperação existentes em ciência e tecnologia, educação, meio ambiente e promoção do comércio e do investimento.

Fontes