27 de setembro de 2009

José Sócrates no anuncio dos resultados das Eleições Europeias 1
José Sócrates no anuncio dos resultados das Eleições Europeias 2
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O Partido Socialista (PS) do primeiro-ministro José Sócrates aparece como favorito para manter o governo nas eleições legislativas para a Assembleia da República, nome do Parlamento português, que tem 230 membros do Parlamento.

De acordo com a pesquisa a dois dias da eleição, o PS aparece com uma vantagem de oito pontos sobre a oposição de centro-direita, o Partido Social Democrata (PSD), de Manuela Ferreira Leite, mas sem maioria absoluta.

Segundo três pesquisas com resultados similares, publicadas no último dia da campanha eleitoral, o PS aparece com entre 38% e 38,8% das intenções de voto, contra 29,1% a 30% para o PSD.

Com Sócrates, cujos métodos considerados "autoritários" valeram ao governante uma grande hostilidade durante seu mandato, tanto a direita como a esquerda não-socialista descartaram qualquer possibilidade de aliança com os socialistas.

Por isso, em caso de maioria relativa, o PS estará à frente do país com um governo frágil, obrigado a negociar acordos parlamentares um por um.

Ao contrário da Alemanha, onde também serão realizadas eleições no domingo, Portugal não tem tradição de grandes coalizões e teve apenas uma vez, de 1983 a 1985, um governo chamado de "bloco central", que reunia PS e PSD.

Pesquisas

O PS, que há duas semanas sobe nas pesquisas, não conseguiria, no entanto uma nova maioria absoluta como a obtida na votação de fevereiro de 2005, quando o partido elegeu 121 dos 230 deputados, com 45% dos votos.

Segundo as projeções do Centro de Pesquisas da Universidade Católica, os socialistas podem aspirar no domingo a 100 deputados, contra 80 para o PSD.

O Bloco de Esquerda, coalizão de pequenos partidos de extrema esquerda, se consolida como a terceira força política do país, com entre 9,4% e 11% das intenções de voto, segundo as três pesquisas, realizadas pelos institutos Universidade Católica, Aximage e Intercampus.

As projeções das sondagens indicam que o PS poderá obter 100 das 230 cadeiras de deputados, ou seja, 21 a menos que em 2005, um retrocesso devido, principalmente, ao avanço previsto da esquerda antiliberal (comunistas-verdes e extrema esquerda), que terá 35 assentos. Juntos, o PSD e o CDS-PP (Centro Democrata e Social) somarão 95 vagas.

Recessão

Em junho, apesar de ter sido considerado favorito nas eleições europeias, o PS ficou atrás do PSD, obtendo 26,7% dos votos, um dos piores resultados de sua história.

Os eleitores terão que optar no pleito entre dois modelos para sair da recessão: o dos investimentos públicos do PS, do Sócrates, ou o da austeridade econômica do PSD, da conservadora Manuela Ferreira Leite.

Criticado por seus resultados sociais, em um país que acaba de superar meio milhão de desempregados, agravado pela crise internacional no ano passado, Sócrates prometeu dar prioridade ao emprego.

"Contra a crise, o país precisa mais do que nunca de estabilidade e confiança", repetiu durante toda a campanha, concentrando nos últimos dias seus ataques no Bloco de Esquerda do trotskista Francisco Louça, que poderá se tornar a terceira força política de Portugal.

Últimos Dias

Na sexta-feira, último dia de campanha, o apelo dos socialistas era pela "mobilização" e pelo "voto útil". "Nenhuma pesquisa ganha uma eleição", lembrou Sócrates.

A partir de então, os socialistas recuperaram terreno nas sondagens, graças, sobretudo, à nova postura de Sócrates, que se mostra mais humilde, reconhecendo sua "falta de delicadeza" na gestão de alguns assuntos. Mas, nas questões de fundo, defendeu sua política de reformas estruturais e rigor orçamentário, afirmando que esta permitiu "modernizar o país" e "resistir melhor à crise".

A direita também elevou o tom nos últimos dias da campanha. "Só o voto para o PSD pode retirar o poder de José Sócrates", afirmou Ferreira Leite.

A ex-ministra das Finanças, de 68 anos, chamada de "dama de ferro", advertiu também aqueles que "estão tentados por uma aliança" com Sócrates. "Ele se encarregará de calá-los", disse ela, que denunciou durante sua campanha a "asfixia democrática" que, em sua opinião, foi imposta no país pelo governo socialista.

Fontes