Agência Brasil

José Dirceu em 2009.
Imagem: Richter Frank-Jurgen.

1 de setembro de 2015

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A Polícia Federal (PF) indiciou nesta terça-feira (1º) o ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu e mais 13 investigados na 17ª fase da Operação Lava Jato. Os acusados vão responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Com o indiciamento, caberá ao Ministério Público Federal (MPF) decidir se denuncia os acusados à Justiça. Com base nas afirmações feitas pelo empresário Milton Pascovicth em depoimentos de delação premiada, a PF concluiu hoje o inquérito com as acusações contra Dirceu, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o ex-executivo da empreiteira Engevix Gerson Almada e outros acusados. De acordo com as investigações da PF, ficou comprovado o recebimento de vantagens ilícitas pelo grupo, que, segundo a investigação, era comandado por Dirceu.

Jose Dirceu constituiu a empresa JD Consultoria e Assessoria, pessoa jurídica que canalizou parte dos valores ilícitos, assim como parte fora repassada em espécie por “operadores” que atuam à [margem] do sistema financeiro nacional.

Nota da Polícia Federal.

A Polícia Federal concluiu que os recursos desviados da Petrobras para a JD Consultoria foram usados para pagamento de empregados, despesas de filhos e ex-mulheres, assim como "toda a 'guerrilha' midiática à época do julgamento do Mensalão que visava desqualificar as autoridades que estão envolvidas no julgamento", em referência ao site Brasil 247, de Leonardo Attuch, que recebeu R$ 120 mil. A única atividade desenvolvida pela JD foi "albergar uma esquadra de jornalistas voltados a polir a imagem do ora investigado e seu grupo político" liderado por José Dirceu.

No relatório de indiciamento, a PF ressalta que não houve, em mais de seis meses de investigação, a comprovação sequer de "um único serviço de consultoria". Na maioria das comprovações apresentadas, para além de "reuniões e relatos verbais", milhões foram pagos por consultorias sociológicas vazias que, na verdade, mascaram vantagens ilícitas atreladas, em sua maioria, a contratos com o poder público".

José Dirceu está preso há quase um mês na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, em função das investigações da 17ª fase da Operação Lava Jato, chamada Pixuleco, ocorrida em 3 de agosto. Ontem em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, realizado em Curitiba, que foi convocado, Dirceu foi o primeiro a ser ouvido na série de depoimentos que a comissão marcou para esta semana em Curitiba, onde se concentram as investigações. Dirceu compareceu à CPI ontem, mas se manteve em silêncio e não respondeu às perguntas feitas pelos membros da comissão, sob alegação de que fora orientado por advogado.

Reações

Em nota à imprensa, a defesa de Dirceu informou que está analisando a denúncia e que vai se pronunciar oportunamente.

O advogado Luis Flávio D'Urso, que defende o ex-tesoureiro do PT, disse que ainda não teve acesso à denúncia, mas refirmou que Vaccari somente arrecadou doações licitas, por meio de depósitos bancários e com recibos.

Lista de Indiciados

  • José Dirceu de Oliveira e Silva: formação de quadrilha, falsidade ideológica, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
  • Luiz Eduardo de Oliveira e Silva (irmão de José Dirceu): formação de quadrilha, falsidade ideológica, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
  • Camila Ramos de Oliveira e Silva (filha de José Dirceu e sobrinha de Luiz Eduardo): lavagem de dinheiro
  • Roberto Marques (ex-assessor de José Dirceu): formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
  • Julio Cesar dos Santos: falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
  • Milton Pascowitch: formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa
  • José Adolfo Pascowitch: formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa
  • Fernando Horneaux de Moura: formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
  • Olavo Horneaux de Moura: formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
  • Renato Duque: formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
  • João Vaccari Neto: formação de quadrilha, falsidade ideológica, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa
  • Gerson Almada: corrupção ativa e formação de quadrilha
  • Cristiano Kok: corrupção ativa e formação de quadrilha
  • José Antunes Sobrinho: corrupção ativa e formação de quadrilha

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Fontes