Brasil • 23 de março de 2005

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

Um inquérito da Superintendência da Polícia Federal em Manaus, no Amazonas, do mês de outubro do ano passado apura o desvio de 2.768 ampolas do medicamento glucantime. O medicamento glucantime é usado para o tratamento de leishmaniose e é distribuído exclusivamente pelo Ministério da Saúde brasileiro. Este medicamento pode ter sido distribuído para o grupo guerrilheiro comunista das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), segundo a polícia.

Em 21 de outubro do ano passado, cinco lotes do remédio foram apreendidos pela Polícia Federal na cidade de São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, na região da fronteira de Brasil, Venezuela e Colômbia. Além dos remédios, a polícia apreendeu 9,2 mil cartuchos para escopeta calibres 12 e 15, e munição para calibre 22.

O medicamento deveria ter sido entregue à Central de Medicamentos da Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas.

O início das investigações tiveram início após denúncias de moradores das redondezas. Segundo o relatório da Polícia Federal presidido pelo delegado Sérgio Fontes, um morador da cidade viu um acidente com uma lancha, após uma tempestade. Na lancha estavam três colombianos. Um dos ocupantes da lancha morreu. O material que estava na lancha ficou a boiar no rio e mais tarde foi recuperado por moradores.

A polícia recolheu o material e iniciou a instauração do inquérito. A apreensão do medicamento foi informada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A apreensão foi informada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) através da sua gerência geral de inspeção e fiscalização de medicamentos e produtos, com pedido de fornecimento dos mapas de produção e ainda o nome dos funcionários envolvidos no processo, dado considerado “essencial” para as investigações.

O laboratório Aventis Pharma que produziu o medicamento informou que os lotes de glucantime apreendidos pela polícia, e cujos números são 205105, 205971, 206300 e 206303, foram vendidos à Fundação Osvaldo Cruz, no Rio, em 2002, e que lote 401664 foi repassado ao Ministério da Saúde, em 8 de julho último.

Segundo os representantes legais do laboratório Gilvado Rico e Sandra Moreira Dalberto, desde o ano passado, o medicamento é enviado diretamente ao Ministério da Saúde, em Brasília, que é responsável pela distribuição do remédio.

Foi enviado um ofício da Polícia Federal à Anvisa em 19 de janeiro para a gerente de fiscalização Maria da Graça Hofmeister. Segundo os federais:“as circunstâncias indicam a possibilidade de uma remessa ilegal desse material para a guerrilha colombiana, instalada nas proximidades de nossas fronteiras no município de São Gabriel da Cachoeira. Nas caixas apreendidas, constava a inscrição ‘venda proibida pelo comércio’”.

Segundo o exército colombiano, em 2004, foram registrado 3.163 casos de leishmaniose entre integrantes das FARC e que houve um aumento de 391% em relação ao número de casos do ano anterior.

Fontes