Brasil • 7 de dezembro de 2005
Um artigo publicado pelo jornalista Diogo Mainardi para a revista semanal brasileira Veja está a causar polêmica entre alguns jornalistas, principalmente entre aqueles que fazem parte de O Observatório da Imprensa.
"Os lulistas da imprensa"
Mainardi escreveu na edição 1934 de 7 de dezembro de 2005 um artigo intitulado: "Observatório da Imprensa". No artigo o jornalista faz uma crítica contra a postura de alguns colegas jornalistas que seria tendenciosa e supostamente pró-esquerda ou pró-governo.
Mainardi escreveu: "Os lulistas reclamam da imprensa. Não entendo o motivo. Lula já teria sido deposto se jornais, revistas e redes de televisão não estivessem tomados por seus partidários. Eu acompanho todo o noticiário político. Minha maior diversão é tentar adivinhar a que corrente do lulismo pertence cada jornalista."
Em seguida o jornalista citou os nomes de vários jornalistas com a respectiva suposta orientação política:
- Tereza Cruvinel, do jornal O Globo: "O Globo tem Tereza Cruvinel. É lulista do PC do B. Repete todos os dias que o mensalão ainda não foi provado. E que, de fato, José Dirceu não deveria ter sido cassado. Cruvinel aparelhou o jornal da mesma maneira que os lulistas aparelharam os órgãos públicos."
- Kennedy Alencar: "foi assessor de imprensa do PT. Ele continua sendo assessor de imprensa do PT, só que agora de maneira não declarada, em suas matérias para a Folha de S.Paulo".
- Franklin Martins: "é José Dirceu até a morte".
- Eliane Cantanhêde: "é da turma de Aloizio Mercadante [senador e economista do PT].
- Luiz Garcia: "é lulista, sem dúvida nenhuma, mas não consigo identificar sua corrente".
- Vinicius Mota: "é do grupo de Marta Suplicy [ex-prefeira do PT].
- Alberto Dines: "é seguidor de Dirceu, e só se cerca de seguidores de Dirceu."
- Alon Feuerwerker, do Correio Braziliense: "é do partidão, e apóia quem o partidão mandar".
- Paulo Markun, da TV Cultura: "tem simpatia por qualquer um que seja minimamente de esquerda".
- Paulo Henrique Amorim: "é lulista de linha bolivariana".
- Ricardo Noblat: "era lulista ligado a Dirceu, mas pulou fora no momento oportuno."
- Leonardo Attuch, da IstoÉ Dinheiro: "subordinado a Daniel Dantas. Quando Dantas está satisfeito com o governo, Attuch é governista. Quando Dantas está insatisfeito com o governo, Attuch vira oposicionista".
- Mino Carta: "é subordinado a Carlos Jereissati. Tem a missão de atacar Dantas. E de defender a ala lulista representada por Luiz Gushiken."
Mainardi ainda escreveu: "Os jornalistas que não pertencem à área de Dirceu, Gushiken, Mercadante, Suplicy ou Rebelo em geral pertencem à área de Antonio Palocci. Nunca houve um político tão protegido pela imprensa quanto ele. Palocci tem defensores influentes em todos os veículos, sobretudo em O Estado de S. Paulo e Valor."
"Dedo-duro"
O jornal online Observatório da Imprensa publicou alguns artigos criticando o jornalista Diogo Mainardi. Mainardi foi chamado de "dedo-duro" (delator, no Brasil) e de estar à "serviço das ditaduras".
O artigo postado por Mauro Malin, e cujo título é "Alma de dedo-duro", disse que o artigo de Mainardi é um "concentrado de fofocas".
No artigo assinado por Alberto Dines, "O macartismo mainardiano em ação" está escrito que "Estão abertas as inscrições para a crítica da imprensa" e que "O número de vagas é ilimitado". Dines, que chamou Mainardi de "parajornalista", disse:
"Estes tipos de 'dedo-durismo' e delação não existem apenas em ditaduras e tiranias. Estão em toda parte, das gôndolas de Veneza aos bares da moda. Trata-se de um vírus mutante que pode manifestar-se ora como palhaçada, ora como megalomania ou, na sua versão mais recente, como furor inquisitorial."
Página externa
Fontes
- Alberto Dines. O macartismo mainardiano em ação [inativa] — Observatório da Imprensa, 5 de dezembro de 2005. Página visitada em 7 de dezembro de 2005
. Arquivada em 29 de junho de 2006
- Mauro Malin. Alma de dedo-duro — Observatório da Imprensa, 3 de dezembro de 2005